Em grupo de WhatsApp, empresários bolsonaristas defendem golpe caso Lula seja eleito

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Política

18 de agosto de 2022 às 09h09

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Em um grupo de Whatsapp, empresários bolsonaristas defenderam abertamente um golpe de Estado em caso de eleição do ex-presidente Lula (PT) este ano. O tom de radicalismo marca a escalada de tensão política nos últimos meses, incentivada pelo atual presidente Jair Bolsonaro (PL), que costuma colocar em dúvida a segurança das urnas eletrônicas.

O grupo Empresários & Política, criado em 2021, reúne nomes como Luciano Hang, dono da Havan; Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu; José Isaac Peres, dono da gigante de shoppings Multiplan; José Koury, dono do Barra World Shopping, no Rio de Janeiro; Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia; e Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca de surfwear Mormaii.

No dia 31 de julho, Koury, que tem atuação no mercado imobiliário, sugeriu uma intervenção ao dizer que preferia uma ruptura com a ordem democrática do que permitir que o ex-presidente Lula tomasse posse em 2023. Segundo ele, condenar o Brasil a um governo autoritário não causaria impacto econômico.

“Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”, publicou.

Ivan Wrobel, proprietário da W3 Engenharia, que se revelou no grupo como eleitor de Bolsonaro há mais de duas décadas, questionou se o Supremo Tribunal Federal  (STF) iria interferir na eleição após um ato militar no 7 de setembro, no Rio de Janeiro.

A opinião foi reforçada por Morongo, dono da Mormaii.

“O 7 de setembro está sendo programado para unir o povo e o Exército e ao mesmo tempo deixar claro de que lado o Exército está. Estratégia top e o palco será o Rio. A cidade ícone brasileira no exterior. Vai deixar muito claro”, escreveu o empresário, um dos mais radicais do grupo. 

Ele também escreveu seguidas vezes em resposta a Wrobel: "“Golpe foi soltar o presidiário!!! Golpe é o ‘supremo’ agir fora da constituição! Golpe é a velha mídia só falar merda”.

Mais tarde, o empresário André Tissot, do Grupo Sierra, foi ainda mais longe.

“O golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo. [...] 2019 teríamos ganhado outros 10 anos a mais", concluiu.

m 21 de julho, Meyer Nigri repassou ao grupo um texto que defendia a contagem paralela de votos nas eleições por uma comissão externa. Em outra mensagem encaminhada por Nigri, no dia 26 de junho, lê-se que o ministro Luís Roberto Barroso “interfere” nas eleições ao “mentir” sobre o voto impresso. “Todo esse desserviço à democracia dos 3 ministros do TSE/STF faz somente aumentar a desconfiança de fraudes preparadas por ocasião das eleições. O Datafolha infla os números de Lula para dar respaldo ao TSE por ocasião do anúncio do resultado eleitoral”, dizia a postagem.

O colunista Guilherme Amado, do Metropoles, buscou os empresários para dar o direito de resposta.

José Koury negou defender um golpe, mas admitiu depois que "talvez preferia" um modelo autoritário do que o retorno do PT ao poder.

“Vivemos numa democracia e posso manifestar minha opinião com toda liberdade. Não disse que defendo um golpe de Estado, e sim que talvez preferiria isso a uma volta do PT. Para mim, a volta do PT será um retrocesso enorme para a economia do país”, destacou.

Meyer Nigri, da Tecnisa, disse que pode “ter repassado algum WhatsApp” que recebeu. “Isso não significa que eu falei ou concorde”, afirmou. “Já estou deixando claro que não afirmei nada disso. Só repassei um WhatsApp que recebi”.

Afrânio Ferreira, do Coco Bambu, que mandou uma figurinha em aceno positivo às mensagens favoráveis ao golpe, negou apoiar qualquer atitude que rompa com a democracia.

“Nunca me manifestei a favor de qualquer conduta que não seja institucional e democrática. Fico surpreso com a alegação de que eu seria um apoiador de qualquer tipo de rompimento com o processo democrático, pois isso não corresponde com o meu pensamento e posicionamento”, afirmou.

A assessoria de imprensa do Grupo Sierra informou que o empresário André Tissot também está viajando e, por essa razão, não responderia imediatamente. Os empresários Carlos Molina, Ivan Wroble, Luciano Hang e Vitor Odisio não retornaram o contato da coluna.

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