O jornalista ingl&ecirc;s <a href="https://www.portalsalvadorfm.com.br/noticias/tags/dom%20philips">Dom Phillips</a> chegou a Atalaia do Norte (AM) no come&ccedil;o de junho de 2022, com o prop&oacute;sito de entrevistar lideran&ccedil;as ind&iacute;genas e ribeirinhos para um novo livro-reportagem que planejava escrever. Colaborador do prestigiado jornal brit&acirc;nico The Guardian, Phillips j&aacute; tinha um nome provis&oacute;rio para sua futura obra: Como Salvar a Amaz&ocirc;nia.

Al&eacute;m de j&aacute; ter estado na regi&atilde;o algumas vezes e de falar bem o portugu&ecirc;s, o ingl&ecirc;s de 57 anos viajaria na companhia do experiente indigenista <a href="https://www.portalsalvadorfm.com.br/noticias/tags/bruno%20pereira">Bruno Ara&uacute;jo Pereira</a>. Ex-servidor da ent&atilde;o <a href="https://www.portalsalvadorfm.com.br/noticias/tags/funai">Funda&ccedil;&atilde;o Nacional do &Iacute;ndio (Funai, que hoje se chama Funda&ccedil;&atilde;o Nacional dos Povos Ind&iacute;genas)</a>, o pernambucano de 41 anos chegou &agrave; cidade poucos dias antes de Phillips e do in&iacute;cio daquela que seria a &uacute;ltima viagem da dupla.

Bruno estava licenciado da Funai desde o in&iacute;cio de fevereiro de 2020. Servidor de carreira da funda&ccedil;&atilde;o, ele tinha sido dispensado da Coordena&ccedil;&atilde;o-Geral de Ind&iacute;genas Isolados e de Recente Contato apenas quatro meses antes. Insatisfeito com os rumos que a equipe de governo do ent&atilde;o presidente Jair Bolsonaro impunha &agrave; pol&iacute;tica indigenista, Pereira optou por se licenciar para &ldquo;tratar de assuntos pessoais&rdquo; e passou a trabalhar como consultor t&eacute;cnico da Uni&atilde;o dos Povos Ind&iacute;genas do Vale do Javari (Univaja).

&ldquo;O Bruno &eacute; considerado um grande nome do indigenismo brasileiro. Sua atua&ccedil;&atilde;o n&atilde;o estava calcada apenas no trabalho em si. Havia toda uma preocupa&ccedil;&atilde;o n&atilde;o s&oacute; com os povos ind&iacute;genas, mas tamb&eacute;m com as comunidades do entorno das terras ind&iacute;genas&rdquo;, disse &agrave; Ag&ecirc;ncia Brasil o procurador jur&iacute;dico da Univaja, Eliesio Marubo.

&Agrave; frente de projetos que buscavam garantir &agrave;s comunidades proteger seus territ&oacute;rios e os recursos naturais neles existentes, o indigenista seguia contrariando os interesses de grupos que amea&ccedil;am o bem-estar e a integridade de parte da popula&ccedil;&atilde;o local. Em fun&ccedil;&atilde;o de sua atua&ccedil;&atilde;o, recebeu mais de uma amea&ccedil;a de morte, devidamente relatadas ao Minist&eacute;rio P&uacute;blico.

Inseguran&ccedil;a

Localizada na tr&iacute;plice fronteira amaz&ocirc;nica (Brasil, Col&ocirc;mbia e Peru), Atalaia do Norte tem cerca de 21 mil habitantes que, h&aacute; d&eacute;cadas, convivem com as consequ&ecirc;ncias da presen&ccedil;a insuficiente do Poder P&uacute;blico e do avan&ccedil;o de garimpeiros, madeireiros e pescadores ilegais sobre a regi&atilde;o. Press&atilde;o que se faz sentir principalmente sobre a Terra Ind&iacute;gena Vale do Javari - segunda maior &aacute;rea do pa&iacute;s destinada ao usufruto exclusivo ind&iacute;gena e a que abriga a maior concentra&ccedil;&atilde;o de povos isolados em todo o mundo.

Em 2010, Atalaia do Norte registrou o terceiro pior resultado nacional no &Iacute;ndice de Desenvolvimento Humano (IDH). Desde ent&atilde;o, aos problemas decorrentes da cobi&ccedil;a despertada pelos recursos naturais somaram-se &agrave;s consequ&ecirc;ncias da atua&ccedil;&atilde;o de organiza&ccedil;&otilde;es criminosas dedicadas ao tr&aacute;fico internacional de drogas e da falta de alternativas econ&ocirc;micas para a popula&ccedil;&atilde;o. Na cidade, em 2020, apenas 7% da popula&ccedil;&atilde;o de 15 mil habitantes tinha uma ocupa&ccedil;&atilde;o econ&ocirc;mica regular, segundo o IBGE.

Foi neste contexto que Bruno e Phillips deixaram Atalaia do Norte no dia 3 de junho. Segundo a Univaja, o indigenista tinha agendado reuni&otilde;es e encontros com lideran&ccedil;as de ao menos cinco comunidades localizadas fora do territ&oacute;rio ind&iacute;gena e levaria o jornalista ingl&ecirc;s com ele. Viajando em uma lancha a motor pertencente &agrave; Univaja, os dois chegaram &agrave;s proximidades de uma base de vigil&acirc;ncia da Funai, no Rio Itu&iacute;, na regi&atilde;o conhecida como Lago Jaburu, ainda no mesmo dia 3 de junho. Esta primeira parada proporcionaria a Phillips entrevistar integrantes de uma das equipes de vigil&acirc;ncia ind&iacute;gena mantidas pela Univaja.

No domingo (5), os dois deixaram o local logo cedo, com destino &agrave; comunidade S&atilde;o Rafael, onde Bruno se encontraria com um l&iacute;der comunit&aacute;rio conhecido pelo apelido de Churrasco, que n&atilde;o encontraram em sua casa. Ap&oacute;s conversar com a esposa da lideran&ccedil;a, a dupla seguiu viagem. Por seguran&ccedil;a, Bruno sempre comunicava, antecipadamente, &agrave; Univaja toda sua movimenta&ccedil;&atilde;o. Ele previa percorrer os 72 quil&ocirc;metros at&eacute; Atalaia do Norte em cerca de duas horas, chegando com Dom &agrave; cidade por volta das 9h daquele domingo. Por&eacute;m, eles nunca chegaram ao destino.

Desaparecidos

Bruno e Dom desapareceram logo ap&oacute;s serem vistos navegando pr&oacute;ximo &agrave; comunidade S&atilde;o Gabriel, povoado vizinho a S&atilde;o Rafael, &uacute;ltimo lugar em que pararam. Com o avan&ccedil;ar das horas e sem not&iacute;cias da dupla, a Univaja acionou suas equipes mais pr&oacute;ximas para que realizassem buscas. No in&iacute;cio da tarde, uma primeira embarca&ccedil;&atilde;o partiu de Atalaia do Norte. Poucas horas depois, um segundo grupo saiu de Tabatinga, em uma embarca&ccedil;&atilde;o maior.

No dia seguinte (6), quando surgiram as primeiras informa&ccedil;&otilde;es de que um jornalista estrangeiro tinha desaparecido em plena Floresta Amaz&ocirc;nica, os &oacute;rg&atilde;os p&uacute;blicos passaram a tratar o assunto publicamente. A Marinha informou &agrave; imprensa que tinha sido notificada do desaparecimento naquela manh&atilde; e que j&aacute; tinha enviado uma equipe de busca e salvamento da Capitania Fluvial de Tabatinga para o local. A PF tamb&eacute;m informou que &ldquo;dilig&ecirc;ncias&rdquo; j&aacute; estavam sendo &ldquo;empreendidas&rdquo; e logo seriam detalhadas. Na pr&aacute;tica, contudo, as equipes da Univaja seguiam tocando sozinhas as buscas iniciais a Bruno e Phillips, ent&atilde;o considerados desaparecidos.

Limitando-se a informar que estava acompanhando o caso, a diretoria da Funai se apressou a destacar que, embora Bruno continuasse pertencendo ao quadro de servidores da funda&ccedil;&atilde;o, n&atilde;o tinha viajado ao Vale do Javari em miss&atilde;o institucional, pois estava de licen&ccedil;a para &ldquo;tratar de interesses particulares&rdquo;. Quatro dias depois de Bruno e Dom desaparecerem na selva, ou seja, na quinta-feira (9), o ent&atilde;o presidente da funda&ccedil;&atilde;o, Marcelo Xavier, participou do programa A Voz do Brasil e disse que a dupla tinha ingressado em territ&oacute;rio ind&iacute;gena sem avisar ou pedir a autoriza&ccedil;&atilde;o dos &oacute;rg&atilde;os respons&aacute;veis.

&ldquo;A Funai n&atilde;o emitiu nenhuma permiss&atilde;o para ingresso. &Eacute; importante que as pessoas entendam que, quando se vai entrar numa &aacute;rea dessas, existe todo um procedimento&rdquo;, disse Xavier antes de complementar: &ldquo;&Eacute; muito complicado quando duas pessoas apenas decidem entrar na terra ind&iacute;gena sem nenhuma comunica&ccedil;&atilde;o aos &oacute;rg&atilde;os de seguran&ccedil;a e &agrave; Funai.&rdquo;

&ldquo;O Bruno e o Dom n&atilde;o estavam dentro da terra ind&iacute;gena. Mesmo que estivessem, o Bruno estava exercendo uma fun&ccedil;&atilde;o pr&oacute;pria da organiza&ccedil;&atilde;o ind&iacute;gena, prestando aux&iacute;lio a uma das equipes da Univaja, na condi&ccedil;&atilde;o de consultor t&eacute;cnico. E n&oacute;s, ind&iacute;genas, bem como nossas organiza&ccedil;&otilde;es, n&atilde;o precisamos de autoriza&ccedil;&atilde;o da Funai para entrar em nossos pr&oacute;prios territ&oacute;rios&rdquo;, rebateu, na &uacute;ltima quinta-feira (1&ordm;), o procurador jur&iacute;dico da Univaja, Eliesio Marubo, para quem a diretoria da Funai foi omissa &agrave; &eacute;poca.

H&aacute; duas semanas, a PF indiciou Marcelo Xavier e o ex-vice-presidente da Funai Alcir Amaral Teixeira por homic&iacute;dio qualificado e oculta&ccedil;&atilde;o de cad&aacute;ver. Para os delegados respons&aacute;veis pelo caso, os dois principais respons&aacute;veis pelas decis&otilde;es tomadas pela funda&ccedil;&atilde;o indigenista tinham conhecimento do risco de morte a que os servidores do &oacute;rg&atilde;o estavam expostos no Vale do Javari e nada fizeram para proteg&ecirc;-los. A reportagem n&atilde;o conseguiu contato com Xavier e Teixeira.

Pris&otilde;es

&Agrave; medida que o tempo passava, o desaparecimento do correspondente do The Guardian e do indigenista amea&ccedil;ado de morte em plena Floresta Amaz&ocirc;nica ganhava destaque no notici&aacute;rio internacional. Crescia, tamb&eacute;m, a sensa&ccedil;&atilde;o de que algo de muito ruim podia ter acontecido, j&aacute; que Teixeira conhecia muito bem a regi&atilde;o e dificilmente teria se perdido.

&quot;O que me pergunto &eacute;: ser&aacute; que o caso teria toda esta repercuss&atilde;o se n&atilde;o houvesse um jornalista estrangeiro entre as v&iacute;timas?&rdquo;, ponderou a atual presidenta da Funai, Joenia Wapichana, ao conversar com a reportagem da Ag&ecirc;ncia Brasil, na &uacute;ltima quinta-feira. &quot;Temos v&aacute;rios casos envolvendo [agress&otilde;es de todos os tipos contra] os povos ind&iacute;genas e que, geralmente, recebem pouca divulga&ccedil;&atilde;o&rdquo;, acrescentou Joenia ap&oacute;s elogiar o trabalho de Dom Phillips.

No dia 6 de junho de 2022, o Minist&eacute;rio P&uacute;blico Federal (MPF) instaurou um procedimento para apurar o caso e acionou for&ccedil;as de seguran&ccedil;a federais e estaduais, al&eacute;m da Marinha, para que auxiliassem as equipes de busca da Univaja. A Pol&iacute;cia Civil do Amazonas tamb&eacute;m instaurou um inqu&eacute;rito. A partir dos depoimentos de testemunhas e de um primeiro suspeito, os investigadores chegaram a Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, detido no dia 7.

Inicialmente, Pelado negou envolvimento com o desaparecimento de Bruno e Dom, mas, al&eacute;m do testemunho de pessoas que afirmaram ter presenciado amea&ccedil;as dele ao jornalista e ao indigenista, peritos da PF identificaram vest&iacute;gios de sangue no barco ele usava no dia em que a dupla desapareceu. Em 12 de junho, bombeiros encontraram objetos pertencentes a Bruno e Dom, refor&ccedil;ando a suspeita de que, &agrave;quela altura, os dois j&aacute; estavam mortos.

Diante dos ind&iacute;cios, Pelado acabou admitindo ter participado dos assassinatos e da oculta&ccedil;&atilde;o dos cad&aacute;veres do indigenista e do jornalista, indicando o local onde os corpos da dupla estariam enterrados. As informa&ccedil;&otilde;es levaram &agrave;s pris&otilde;es do irm&atilde;o de Pelado, Oseney da Costa de Oliveira, o Dos Santos, detido no dia 14 de junho, e &agrave; expedi&ccedil;&atilde;o de um mandado de pris&atilde;o contra Jefferson da Silva Lima, o Pelado da Dinha, que se entregou &agrave; Pol&iacute;cia Civil em Atalaia do Norte quatro dias depois.

No dia 15 de junho, policiais federais localizaram &ldquo;remanescentes humanos&rdquo; em um ponto de dif&iacute;cil acesso indicado por Pelado. Apenas dois dias depois, peritos da PF confirmaram que ao menos parte dos vest&iacute;gios humanos encontrados era de Bruno e Dom. No mesmo dia, a C&acirc;mara dos Deputados aprovou a cria&ccedil;&atilde;o de uma comiss&atilde;o parlamentar externa para acompanhar, fiscalizar e propor provid&ecirc;ncias sobre o desaparecimento do indigenista e do jornalista, conforme proposta da ent&atilde;o deputada federal e atual presidenta da Funai, Joenia Wapichana. Na ocasi&atilde;o, ao votar a favor da iniciativa, a deputada Fernanda Melchionna reverberou as cr&iacute;ticas ao governo federal. &ldquo;Os primeiros a come&ccedil;arem as buscas foram justamente os ind&iacute;genas. O governo [federal] come&ccedil;ou s&oacute; tr&ecirc;s dias depois.&rdquo;

Em 23 de junho, Gabriel Pereira Dantas se apresentou em uma delegacia de S&atilde;o Paulo afirmando ter participado dos assassinatos, mas j&aacute; no dia seguinte, a PF informou n&atilde;o haver sinais de que o relato fosse verdadeiro, j&aacute; que Gabriel teria apresentado uma &ldquo;vers&atilde;o pouco cr&iacute;vel e desconexa com os fatos at&eacute; o momento apurados&quot;. Dantas foi libertado no dia seguinte.

Um novo suspeito foi detido em 8 de julho. Apontado como suposto mandante dos assassinatos e suspeito de envolvimento com o narcotr&aacute;fico, o colombiano Ruben Dario da Silva Villar foi preso inicialmente por apresentar uma identidade falsa ao prestar depoimento sobre o caso. Vilar negou qualquer envolvimento na morte de Bruno e Dom. Mesmo assim, a PF pediu que ele permanecesse detido durante as investiga&ccedil;&otilde;es. Somente em 22 de outubro, ele foi autorizado a deixar a pris&atilde;o, mediante pagamento de uma fian&ccedil;a de R$ 15 mil; o uso de tornozeleira eletr&ocirc;nica; a entrega de seus passaportes e o compromisso de n&atilde;o deixar Manaus. Ele voltaria a ser preso em dezembro, por descumprir as condicionantes impostas pela Justi&ccedil;a.

Em 23 de julho, o MPF denunciou Amarildo, Jefferson e Oseney &agrave; Justi&ccedil;a Federal em Tabatinga (AM), por duplo homic&iacute;dio e oculta&ccedil;&atilde;o de cad&aacute;veres. Na den&uacute;ncia, os procuradores apontam que os dois primeiros confessaram ter matado e escondido os corpos de Bruno e Dom. Para os procuradores, &ldquo;os elementos colhidos no curso das apura&ccedil;&otilde;es apontam que, de fato, o homic&iacute;dio de Bruno teria correla&ccedil;&atilde;o com suas atividades em defesa da coletividade ind&iacute;gena. Dom, por sua vez, foi executado para garantir a oculta&ccedil;&atilde;o e impunidade do crime cometido contra Bruno.&rdquo;

Em janeiro deste ano, a PF apontou Ruben Dario da Silva Villar, o Col&ocirc;mbia, como mandante e mentor intelectual do crime.

&ldquo;Estas mortes n&atilde;o podem ficar impunes. O Poder Judici&aacute;rio brasileiro n&atilde;o pode condenar apenas tr&ecirc;s pessoas&rdquo;, afirmou o procurador jur&iacute;dico da Univaja, Eliesio Marubo. &ldquo;Conversamos com o ministro [da Justi&ccedil;a e Seguran&ccedil;a P&uacute;blica] Fl&aacute;vio Dino e pedimos a ele uma investiga&ccedil;&atilde;o mais apurada, inclusive do grupo que d&aacute; sustenta&ccedil;&atilde;o pol&iacute;tica ao conjunto de atividades ilegais que acontecem na regi&atilde;o. &Eacute; preciso apurar os caminhos do crime na regi&atilde;o amaz&ocirc;nica.&rdquo;

Na &uacute;ltima sexta-feira (2), o Minist&eacute;rio dos Povos Ind&iacute;genas anunciou a cria&ccedil;&atilde;o de um grupo de trabalho para promover a seguran&ccedil;a e combater a criminalidade no Vale do Javari. O grupo ser&aacute; formado por dez minist&eacute;rios, que trabalhar&atilde;o em parceria com a Funai e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov&aacute;veis (Ibama) para propor medidas concretas de combate &agrave; viol&ecirc;ncia e com o objetivo de garantir a seguran&ccedil;a territorial dos povos ind&iacute;genas que vivem na &aacute;rea. Entidades de povos ind&iacute;genas tamb&eacute;m participar&atilde;o das discuss&otilde;es.&nbsp;

O governo federal comprou 19 toneladas de bisteca para compor cestas b&aacute;sicas que deveriam ser enviadas a <a href="https://www.portalsalvadorfm.com.br/noticias/tags/indios">ind&iacute;genas</a> no&nbsp;Vale do Javari, no Alto Solim&otilde;es (AM), mas a carne congelada nunca chegou &agrave;s comunidades ind&iacute;genas.

Os contatos, de acordo com o Estad&atilde;o, foram assinados no governo <a href="https://www.portalsalvadorfm.com.br/noticias/tags/jair%20bolsonaro">Bolsonaro</a> entre 2020 e 2022 e seguem em vigor na atual gest&atilde;o do petista <a href="https://www.portalsalvadorfm.com.br/noticias/tags/lula">Luiz In&aacute;cio Lula da Silva</a>.

A prote&iacute;na seria dividida com os funcion&aacute;rios da <a href="https://www.portalsalvadorfm.com.br/noticias/tags/funai">Funai</a> &ndash; agora Funda&ccedil;&atilde;o Nacional dos Povos Ind&iacute;genas. O sumi&ccedil;o das bistecas foi confirmado pelos ind&iacute;genas que deveriam receber o produto e por um comerciante que deveria envi&aacute;-lo. At&eacute; a funcion&aacute;ria da Funai que assinou o contrato de compra fala em desperd&iacute;cio de dinheiro p&uacute;blico, mas alega que seguia ordens de seus superiores.

&quot;Era um desperd&iacute;cio, realmente, do dinheiro p&uacute;blico&rdquo;, admitiu Mislene Metchacuna Martins Mendes, atual diretora de administra&ccedil;&atilde;o e gest&atilde;o da Funai. &ldquo;Parte dos alimentos chegava sem condi&ccedil;&otilde;es para consumo, mas a ordem era entregar&rdquo;, disse ela, &agrave; publica&ccedil;&atilde;o paulista.

Procurados, os presidentes da Funai no governo Bolsonaro e no governo Lula n&atilde;o se manifestaram.

A Opera&ccedil;&atilde;o Liberta&ccedil;&atilde;o, deflagrada pela Pol&iacute;cia Federal em conjunto com o Ibama, For&ccedil;as Armadas, For&ccedil;a Nacional de Seguran&ccedil;a P&uacute;blica, Funai e PRF, completou um m&ecirc;s de atua&ccedil;&atilde;o na Reserva Yanomami na &uacute;ltima sexta-feira (10).

Em 30 dias de opera&ccedil;&atilde;o, foram inutilizadas ou apreendidas 27 toneladas de cassiterita, 11,4 mil litros de combust&iacute;veis, 84 balsas e embarca&ccedil;&otilde;es, duas aeronaves, 200 acampamentos, 172 motores e geradores de energia, equipamentos como maquin&aacute;rios para extra&ccedil;&atilde;o de min&eacute;rios, motosserra, merc&uacute;rio, modens de internet via sat&eacute;lite, celulares, uma tonelada de alimentos, al&eacute;m de armas e muni&ccedil;&otilde;es.

Paralelamente &agrave;s a&ccedil;&otilde;es ostensivas na Reserva Yanomami, foram deflagradas pela Superintend&ecirc;ncia Regional da Pol&iacute;cia Federal em Roraima, as opera&ccedil;&otilde;es Nau dos Quintos, Avis Aurea e BAL, al&eacute;m de tramitarem mais de 40 procedimentos investigativos relacionados ao garimpo ilegal na regi&atilde;o, que j&aacute; resultaram no bloqueio judicial de R$ 65 milh&otilde;es.

O Diretor de Meio Ambiente e Amaz&ocirc;nia da Pol&iacute;cia Federal, Humberto Freire, destaca que esta opera&ccedil;&atilde;o marca o in&iacute;cio da atua&ccedil;&atilde;o da DAMAZ, cuja cria&ccedil;&atilde;o evidencia uma das prioridades da Pol&iacute;cia Federal e do estado brasileiro: &ldquo;Estamos atentos &agrave;s expectativas que a sociedade brasileira e o mundo t&ecirc;m em rela&ccedil;&atilde;o aos temas relacionados &agrave; Amaz&ocirc;nia e ao meio ambiente de maneira geral, e atuaremos de forma a garantir os direitos das popula&ccedil;&otilde;es afetadas, enfrentando a criminalidade organizada com o objetivo de alcan&ccedil;armos todos os elos da cadeia criminosa da minera&ccedil;&atilde;o ilegal&rdquo;.

As a&ccedil;&otilde;es de planejamento e coordena&ccedil;&atilde;o est&atilde;o sendo realizadas no Centro de Comando e Controle da Opera&ccedil;&atilde;o Liberta&ccedil;&atilde;o, estruturado na Superintend&ecirc;ncia Regional da Pol&iacute;cia Federal em Roraima, para permitir a atua&ccedil;&atilde;o e a tomada de decis&otilde;es, de maneira integrada, dos &oacute;rg&atilde;os envolvidos na a&ccedil;&atilde;o.

Agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov&aacute;veis (Ibama) iniciaram a&ccedil;&otilde;es de fiscaliza&ccedil;&atilde;o, com apoio da Funda&ccedil;&atilde;o Nacional dos Povos Ind&iacute;genas (Funai) e da For&ccedil;a Nacional de Seguran&ccedil;a P&uacute;blica, para proteger ind&iacute;genas e combater o garimpo ilegal no territ&oacute;rio Yanomami, em Roraima.&nbsp;

At&eacute; o in&iacute;cio da noite de ter&ccedil;a-feira (7/2) um helic&oacute;ptero, um avi&atilde;o, um trator de esteira e estruturas de apoio log&iacute;stico ao garimpo haviam sido destru&iacute;dos. Tamb&eacute;m foram apreendidas duas armas e tr&ecirc;s barcos com cerca de 5 mil litros de combust&iacute;vel.

Ibama e For&ccedil;a Nacional instalaram uma base de controle no rio Uraricoera para impedir o fluxo de suprimentos para os garimpos. Al&eacute;m de gasolina e diesel, as &quot;voadeiras&quot; de 12 metros carregavam cerca de uma tonelada de alimentos, freezers, geradores e antenas de internet. Todos os suprimentos foram apreendidos e ser&atilde;o usados para abastecer a base de controle. Nenhuma embarca&ccedil;&atilde;o com carregamento de combust&iacute;vel e equipamentos ser&aacute; autorizada a seguir daquele ponto de bloqueio em dire&ccedil;&atilde;o aos garimpos.

A instala&ccedil;&atilde;o de bases de controle ser&aacute; estendida para outras &aacute;reas da terra ind&iacute;gena. A estrutura log&iacute;stica &eacute; fornecida pela Funai, e o apoio dos ind&iacute;genas nesta fase &eacute; fundamental. A a&ccedil;&atilde;o a&eacute;rea &eacute; realizada pelo Grupo Especializado de Fiscaliza&ccedil;&atilde;o (GEF) do Ibama, que monitora pistas de pouso clandestinas na regi&atilde;o. Sobrevoos para identificar e destruir a infraestrutura do garimpo, como avi&otilde;es, helic&oacute;pteros, motores e instala&ccedil;&otilde;es ser&atilde;o mantidos. O trator destru&iacute;do era usado para abrir &quot;ramais&quot; na floresta.

O avan&ccedil;o do garimpo, estimulado pelo &uacute;ltimo governo, resultou em uma crise humanit&aacute;ria na terra ind&iacute;gena. A Pol&iacute;cia Federal investiga o crime de genoc&iacute;dio contra os Yanomami. O Ibama tamb&eacute;m fiscaliza distribuidoras e revendedoras respons&aacute;veis pelo com&eacute;rcio irregular de combust&iacute;vel de avia&ccedil;&atilde;o que abastece os garimpos.

O objetivo principal da opera&ccedil;&atilde;o &eacute; inviabilizar linhas de suprimento e rotas que abastecem e escoam a produ&ccedil;&atilde;o do garimpo, al&eacute;m de garantir a perman&ecirc;ncia das equipes de fiscaliza&ccedil;&atilde;o por prazo indeterminado. As a&ccedil;&otilde;es foram acompanhadas pela Procuradoria Nacional de Defesa do Clima e do Meio Ambiente, da Advocacia-Geral da Uni&atilde;o (AGU).

Nas &uacute;ltimas semanas, as fortes imagens de <a href="https://www.portalsalvadorfm.com.br/noticias/tags/yanomami" target="_blank">ind&iacute;genas yanomami desnutridos e de grandes &aacute;reas de florestas devastadas pelo garimpo</a> suscitaram a pergunta: para onde vai o ouro retirado das terras ind&iacute;genas (TIs). O Instituto Escolhas, que sistematiza estudos sobre minera&ccedil;&atilde;o e uso da terra, aponta que, em 2021, 52,8<a href="https://www.portalsalvadorfm.com.br/noticias/tags/ouro" target="_blank"> toneladas de ouro comercializadas no Brasil tinham graves ind&iacute;cios de ilegalidade</a>, o que corresponde a mais da metade (54%) da produ&ccedil;&atilde;o nacional. Entre 2015 e 2020, o total de ouro com ind&iacute;cios de ilegalidade comercializado no Brasil foi de 229 toneladas. 
 
O instituto destaca, ainda, que quase dois ter&ccedil;os do ouro (61%) s&atilde;o extra&iacute;dos da Amaz&ocirc;nia. A suspeita &eacute; de que 32 toneladas do metal recolhido na regi&atilde;o, em 2021, eram irregulares. Em relat&oacute;rio, a entidade tamb&eacute;m cita quais os estados de onde saiu o ouro, no ano analisado. <a href="https://www.portalsalvadorfm.com.br/noticias/tags/florestas" target="_blank">Mato Grosso &eacute; o principal local de origem (16 toneladas), seguido pelo Par&aacute; (13,6 toneladas), Rond&ocirc;nia, Tocantins, Amap&aacute; e Amazonas</a>. 
 
Embora se possa identificar a origem do ouro, saber o destino das pepitas &eacute; um desafio, conforme ressalta a gerente de Portf&oacute;lio do Instituto Escolhas, Larissa Rodrigues, que coordenou o estudo. Por isso, o instituto apresentou, junto com o diagn&oacute;stico, uma proposta de rastreio do ouro. 
A medida envolveria diversos agentes p&uacute;blicos, como a Ag&ecirc;ncia Nacional de Minera&ccedil;&atilde;o (ANM), a Funda&ccedil;&atilde;o Nacional dos Povos Ind&iacute;genas (Funai), o Instituto Chico Mendes de Conserva&ccedil;&atilde;o da Biodiversidade (ICMBio), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Banco Central, que &eacute; quem fornece informa&ccedil;&otilde;es sobre as institui&ccedil;&otilde;es financeiras autorizadas a operar com ouro, atualiza e valida essas informa&ccedil;&otilde;es, al&eacute;m de fiscalizar as opera&ccedil;&otilde;es. 
 
A proposta privilegia a tecnologia blockchain, que &eacute; uma sequ&ecirc;ncia de registros digitais (blocks) conectados uns aos outros, formando uma corrente (chain). Tal recurso asseguraria que cada registro recebesse uma identifica&ccedil;&atilde;o &uacute;nica, que n&atilde;o pudesse ser alterada, o que garantiria a seguran&ccedil;a das informa&ccedil;&otilde;es e, portanto, o rastreio do ouro. 
 
Na avalia&ccedil;&atilde;o de Larissa, a proposta &eacute; inovadora para o setor de ouro, em particular, mas n&atilde;o &eacute; exatamente uma novidade, de modo geral, pois mercados de outros produtos j&aacute; adotam um modelo semelhante. Ademais, sublinha, a digitaliza&ccedil;&atilde;o j&aacute; &eacute; algo adotado pela ANM em seus processos. 
 
&quot;Um sistema como esse, digital, de coordena&ccedil;&atilde;o de &oacute;rg&atilde;os, j&aacute; existe para a madeira, para a carne, em certa medida. Ou seja, s&atilde;o coisas j&aacute; aplicadas em outras cadeias, n&atilde;o &eacute; algo que seria um esfor&ccedil;o que o governo jamais fez. O governo brasileiro j&aacute; fez esse tipo de sistema para outros produtos. E por qu&ecirc;? Muito pelo que a gente est&aacute; come&ccedil;ando a ver no ouro agora: por press&atilde;o de importadores, dos consumidores. Porque esses produtos, antigamente, tamb&eacute;m tinham muita ilegalidade e, a&iacute;, por press&atilde;o dos mercados, o governo come&ccedil;ou a controlar como n&atilde;o se controlava antes&quot;, diz. &ldquo;O que a gente tem para o ouro &eacute; mais ou menos o que a gente tinha na cadeira do couro, da cana, 20 anos atr&aacute;s&rdquo;, acrescenta. 
 
A gerente comenta que, no Brasil, dois dos instrumentos que ajudam a confundir a percep&ccedil;&atilde;o sobre o setor s&atilde;o o princ&iacute;pio da boa-f&eacute; nas negocia&ccedil;&otilde;es e aumento do rigor sobre o registro de transporte do ouro. Quanto &agrave; boa-f&eacute;, o que ocorre &eacute; a facilita&ccedil;&atilde;o da &ldquo;lavagem de ouro&rdquo;, porque &eacute; por meio dela que os garimpeiros ou qualquer agente envolvido possa vend&ecirc;-lo para as distribuidoras de T&iacute;tulos e Valores Mobili&aacute;rios (DTVMs), apenas preenchendo um formul&aacute;rio de papel, em que indicam a origem do metal. Isto &eacute;, n&atilde;o &eacute; feita nenhuma verifica&ccedil;&atilde;o das informa&ccedil;&otilde;es prestadas, o que permite que vendam o ouro ilegal como se fosse proveniente de &aacute;rea regular. H&aacute; tamb&eacute;m conflito de interesses, uma vez que os donos das DTVMs, seus familiares ou s&oacute;cios podem ter lavras garimpeiras e serem eles mesmos os vendedores do ouro. 
 
Larissa pontuou &agrave; Ag&ecirc;ncia Brasil que, durante o levantamento dos milhares de registros, conseguiu rastrear apenas um dos lotes at&eacute; o fim. O que geralmente ocorre &eacute; que se pode achar, no m&aacute;ximo, o estado ou o pa&iacute;s onde o ouro &eacute; entregue, de modo que somente com um esfor&ccedil;o, como o de jornalistas investigativos, &eacute; que se prossegue nas buscas, identificando-se, por exemplo, as joalherias, bancos ou tradings que compram o ouro ilegal. Nesse caso, a equipe do instituto descobriu que o ouro foi levado para a &Iacute;ndia. 
 
&nbsp;&quot;&Eacute; uma situa&ccedil;&atilde;o de crime perfeito&quot;, afirma Larissa sobre as brechas da minera&ccedil;&atilde;o de ouro. 
 
Poder p&uacute;blico 
Perguntada sobre a obten&ccedil;&atilde;o de apoio de parlamentares junto &agrave; causa, Larissa responde que o Brasil passa por uma &quot;janela de press&atilde;o&quot; em torno do tema. O que pode propiciar a aprova&ccedil;&atilde;o de leis ou mesmo de uma medida provis&oacute;ria para endurecer as regras. 
 
Ao lado de parlamentares, pode haver outras vias de aux&iacute;lio, na redu&ccedil;&atilde;o dos problemas. Os yanomami est&atilde;o presentes nos estados do Amazonas e Roraima e na Venezuela. Seu territ&oacute;rio &eacute; imenso, o que pressup&otilde;e complexidade em rela&ccedil;&atilde;o &agrave;s opera&ccedil;&otilde;es de seguran&ccedil;a p&uacute;blica e atendimento de sa&uacute;de. 
 
Da log&iacute;stica dos garimpos ilegais na TI Yanomami fazem parte, entre outros pontos, esquemas de desvio de combust&iacute;vel de avia&ccedil;&atilde;o e centenas de pistas de pouso clandestinas. Outro elemento imprescind&iacute;vel &eacute; a comunica&ccedil;&atilde;o, o que faz com que garimpeiros precisem arranjar r&aacute;dios e tamb&eacute;m ter acesso &agrave; internet. 
 
Ciente de tal organiza&ccedil;&atilde;o, no in&iacute;cio de junho de 2022, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Lu&iacute;s Roberto Barroso exigiu que a Uni&atilde;o apresentasse um plano detalhado de a&ccedil;&otilde;es de desmantelamento dos acampamentos dos garimpeiros presentes na TI. Barroso pediu explica&ccedil;&otilde;es &agrave; Pol&iacute;cia Federal e tamb&eacute;m &agrave; Ag&ecirc;ncia Nacional de Telecomunica&ccedil;&otilde;es (Anatel) sobre as empresas que fornecem internet aos garimpos ou como esse acesso est&aacute; ocorrendo. A Ag&ecirc;ncia Nacional de Petr&oacute;leo (ANP), por sua vez, foi chamada pela Corte para listar quais distribuidoras e revendedoras de combust&iacute;vel de avia&ccedil;&atilde;o que atendem a regi&atilde;o. 
 
O presidente da Urihi Associa&ccedil;&atilde;o <a href="https://www.portalsalvadorfm.com.br/noticias/tags/povos%20originarios" target="_blank">Yanomami</a>, J&uacute;nior Hekurari Yanomami, entende que um aliado fundamental na defesa dos direitos de seu povo tem sido o Minist&eacute;rio P&uacute;blico Federal (MPF). Ele conta que garimpeiros circulam sem esbo&ccedil;ar nenhum temor, com armas como submetralhadoras. 
&quot;A gente vive nas nossas comunidades, nas nossas casas, com medo, porque os garimpeiros amea&ccedil;am as lideran&ccedil;as, dizendo que essa terra tem dono, que quem manda aqui &eacute; [Jair] Bolsonaro&quot;, relata. 
 
No &uacute;ltimo dia 21, o ministro da Justi&ccedil;a e Seguran&ccedil;a P&uacute;blica, Fl&aacute;vio Dino, antecipou, em sua conta no Twitter, que oficiaria a Pol&iacute;cia Federal para apurar os &ldquo;fortes ind&iacute;cios de genoc&iacute;dio e de outros crimes&rdquo; relacionados &ldquo;aos sofrimentos criminosos impostos aos yanomami&rdquo;. Quatro dia depois, a corpora&ccedil;&atilde;o instaurou inqu&eacute;rito para apurar a poss&iacute;vel pr&aacute;tica de genoc&iacute;dio, omiss&atilde;o de socorro, crimes ambientais, al&eacute;m de outros atos il&iacute;citos contra o <a href="https://www.portalsalvadorfm.com.br/noticias/tags/povos%20originarios" target="_blank">povo yanomami</a>.

 
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A For&ccedil;a Nacional de Seguran&ccedil;a P&uacute;blica vai permanecer por mais 90 dias na Terra Ind&iacute;gena Camicu&atilde;, localizada no estado do Amazonas, nas atividades de apoio &agrave; Funda&ccedil;&atilde;o Nacional do &Iacute;ndio (Funai).<img src="https://agenciabrasil.ebc.com.br/ebc.png?id=1504461&amp;o=node" /><img src="https://agenciabrasil.ebc.com.br/ebc.gif?id=1504461&amp;o=node" />

A Portaria n&ordm; 283, de 12 de janeiro de 2023, assinada pelo Ministro da Justi&ccedil;a e Seguran&ccedil;a P&uacute;blica, Fl&aacute;vio Dino, est&aacute; publicada no&nbsp;Di&aacute;rio Oficial da Uni&atilde;o, desta segunda-feira (16), e determina que a prorroga&ccedil;&atilde;o vai de 13 de janeiro a 12 de abril de 2023.

Os militares atuar&atilde;o nos servi&ccedil;os de preserva&ccedil;&atilde;o da ordem p&uacute;blica e da seguran&ccedil;a das pessoas e do patrim&ocirc;nio. As a&ccedil;&otilde;es ser&atilde;o em car&aacute;ter epis&oacute;dico e planejado, com o apoio log&iacute;stico da Funai.

A portaria estabelece&nbsp;ainda que o contingente a ser disponibilizado obedecer&aacute; ao planejamento definido pela Diretoria da For&ccedil;a Nacional de Seguran&ccedil;a P&uacute;blica e da Secretaria Nacional de Seguran&ccedil;a P&uacute;blica.

A Terra Ind&iacute;gena Camicu&atilde; foi homologada pelo Decreto n&ordm; 381, de 24 de dezembro de 1991. A demarca&ccedil;&atilde;o administrativa foi realizada pela Funai. A terra &eacute; habitada pelo grupo ind&iacute;gena Apurin&atilde;, e est&aacute; localizada no munic&iacute;pio amazonense de Boca do Acre.

A deputada federal Jo&ecirc;nia Wapichana (Rede) ser&aacute; a primeira ind&iacute;gena a comandar a Funda&ccedil;&atilde;o Nacional do &Iacute;ndio (Funai) desde a cria&ccedil;&atilde;o do &oacute;rg&atilde;o, h&aacute; 55 anos.

Ela aceitou o convite do presidente eleito Luiz In&aacute;cio Lula da Silva (PT), que confirmou a sua nomea&ccedil;&atilde;o em an&uacute;ncio nesta sexta-feira (31) nas redes sociais.

A mudan&ccedil;a ocorre no momento em que a Funai &eacute; incorporada ao Minist&eacute;rio dos Povos Origin&aacute;rios, que ter&aacute; a frente a lideran&ccedil;a pol&iacute;tica e primeira deputada ind&iacute;gena S&ocirc;nia Guajajara (PSOL).

A pasta ser&aacute; dividida em tr&ecirc;s secretarias: de gest&atilde;o, promo&ccedil;&atilde;o territorial e articula&ccedil;&atilde;o institucional.

&quot;Considerando toda a demanda dos povos ind&iacute;genas, o desafio de uma reconstru&ccedil;&atilde;o do pa&iacute;s, fortalecimento dos direitos, principalmente em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; demarca&ccedil;&atilde;o e &agrave; prote&ccedil;&atilde;o das terras ind&iacute;genas, da melhor forma poss&iacute;vel [&hellip;] eu aceitei esse convite e n&oacute;s vamos estar fazendo o melhor poss&iacute;vel para trabalhar junto com o governo Lula nesse sentido de avan&ccedil;ar nos direitos dos povos ind&iacute;genas&rdquo;, declarou Wapichana.

Wapichana era a &uacute;nica parlamentar ind&iacute;gena no Congresso Nacional e apenas a segunda na Hist&oacute;ria a ocupar um assento na C&acirc;mara dos Deputados, a primeira mulher. Na d&eacute;cada de 1980, o xavante Mario Juruna havia se elegeu como deputado federal pelo PDT-RJ.

O presidente eleito Luiz In&aacute;cio Lula da Silva disse&nbsp;hoje&nbsp;(29) que nomear&aacute; ind&iacute;genas para comandar a Funda&ccedil;&atilde;o Nacional do &Iacute;ndio (Funai) e a Secretaria Especial de Sa&uacute;de Ind&iacute;gena (Sesai), depois de&nbsp;ter&nbsp;nomeado uma ind&iacute;gena, a deputada eleita S&ocirc;nia Guajajara (PSol-SP), como titular do novo Minist&eacute;rio dos Povos Ind&iacute;genas.

&ldquo;Eles [ind&iacute;genas] est&atilde;o mais do que preparados para trabalhar nos seus problemas e resolver seus problemas&rdquo;, afirmou Lula durante o an&uacute;ncio dos &uacute;ltimos nomes de seu gabinete ministerial, em Bras&iacute;lia, nesta&nbsp;quinta-feira (29).

Lula se disse &ldquo;feliz&rdquo; por&nbsp;ter&nbsp;nomeado a primeira ministra ind&iacute;gena da hist&oacute;ria brasileira. &ldquo;Eu falei com a S&ocirc;nia Guajajara que &eacute; uma experi&ecirc;ncia nova, que todos n&oacute;s temos que trabalhar para ajudar&rdquo;, acrescentou o presidente eleito.

Ele afirmou ainda que nomear&aacute; mulheres para presidir os dois principais bancos p&uacute;blicos do pa&iacute;s &ndash; Caixa Econ&ocirc;mica Federal e Banco do Brasil. &ldquo;O Banco do Brasil tem 200 anos e nunca se pensou nem de perto em&nbsp;ter&nbsp;uma mulher na presid&ecirc;ncia, e a gente vai provar que uma mulher pode ser muito melhor do que muitos presidentes homens&rdquo;, disse Lula.

O presidente eleito afirmou que vai defender a aprova&ccedil;&atilde;o de uma lei para acabar com a disparidade de sal&aacute;rios entre homens e mulheres que ocupem os mesmos cargos em empresas.

O presidente da Funai, Marcelo Augusto Xavier da Silva, deixou o cargo de presidente da Funda&ccedil;&atilde;o Nacional do &Iacute;ndio (Funai).

A portaria com a sua exonera&ccedil;&atilde;o est&aacute; publicada no&nbsp;Di&aacute;rio Oficial da Uni&atilde;o&nbsp;desta quinta-feira (29).

Marcelo Xavier assumiu o comando da Funai em julho de 2019. Ele substituiu o general Franklimberg Ribeiro de Freitas, que deixou o cargo em&nbsp;junho do mesmo ano.

Em encontro com lideran&ccedil;as ind&iacute;genas na COP27, confer&ecirc;ncia sobre mudan&ccedil;as clim&aacute;tica da ONU, realizada no Egito, o presidente eleito pelo Brasil, Luiz In&aacute;cio Lula da Silva (PT), prometeu dar protagonismo aos povos origin&aacute;rios no seu futuro governo.

Al&eacute;m de reafirmar a promessa de criar o Minist&eacute;rio dos Povos Origin&aacute;rios, lembrando a necessidade de ter representatividade em espa&ccedil;os de poder, j&aacute; que aqueles que n&atilde;o s&atilde;o ind&iacute;genas compreendem &quot;o mundo com uma l&oacute;gica completamente diferente&quot;.

Ele garantiu que mesmo n&atilde;o tendo &quot;tamanho&quot; para representar os povos ind&iacute;genas, se compromete em manter pol&iacute;ticas que preservam as suas vidas.

Durante o discurso, anunciou que ser&aacute; realizada em 2023 uma C&uacute;pula da Amaz&ocirc;nia para debater os principais problemas que atingem a regi&atilde;o, convocando os principais pa&iacute;ses para se envolverem no prop&oacute;sito de preserva&ccedil;&atilde;o ambiental.

<blockquote class="twitter-tweet">
&Eacute; necess&aacute;rio dar aos ind&iacute;genas o direito de trabalhar, plantar, conservar nossa natureza. Estou voltando &agrave; presid&ecirc;ncia com um apoio extraordin&aacute;rio de companheiros ind&iacute;genas, para tentar fazer uma governan&ccedil;a que seja exemplo para o mundo. <a href="https://twitter.com/hashtag/COP27?src=hash&amp;ref_src=twsrc%5Etfw">#COP27</a>
&mdash; Lula (@LulaOficial) <a href="https://twitter.com/LulaOficial/status/1593270280826359810?ref_src=twsrc%5Etfw">November 17, 2022</a></blockquote>
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O&nbsp;emprego da For&ccedil;a Nacional de Seguran&ccedil;a P&uacute;blica em apoio &agrave; Funda&ccedil;&atilde;o Nacional do &Iacute;ndio (Funai), na Terra Ind&iacute;gena Camicu&atilde;, no estado do Amazonas foi prorrogada, segundo&nbsp;Di&aacute;rio Oficial da Uni&atilde;o&nbsp;publica, nesta segunda-feira (17),&nbsp;portaria do Minist&eacute;rio da Justi&ccedil;a e Seguran&ccedil;a P&uacute;blica.

Os militares v&atilde;o atuar nas a&ccedil;&otilde;es de preserva&ccedil;&atilde;o da ordem p&uacute;blica, da seguran&ccedil;a das pessoas e preserva&ccedil;&atilde;o do patrim&ocirc;nio. As atividades ser&atilde;o em car&aacute;ter epis&oacute;dico e planejado, por 90 dias, at&eacute; 12 de janeiro de 2023.

De acordo com o documento assinado pelo ministro Anderson Torres, o n&uacute;mero de militares a ser disponibilizados obedecer&aacute; ao planejamento definido pela Diretoria da For&ccedil;a Nacional de Seguran&ccedil;a P&uacute;blica e da Secretaria Nacional de Seguran&ccedil;a P&uacute;blica.

A Terra Ind&iacute;gena Camicu&atilde; foi homologada pelo&nbsp;Decreto n&ordm; 381, de 24 de dezembro de 1991. A demarca&ccedil;&atilde;o administrativa foi realizada pela Funai. A terra &eacute; habitada pelo grupo ind&iacute;gena Apurin&atilde;, e est&aacute; localizada no munic&iacute;pio amazonense de Boca do Acre.

A Funda&ccedil;&atilde;o Nacional do &Iacute;ndio (Funai) informou que morreu na &uacute;ltima ter&ccedil;a-feira (23) o ind&iacute;gena que vivia isolado na Terra Ind&iacute;gena Tanaru, em Rond&ocirc;nia. Conhecido como &ldquo;&iacute;ndio do buraco&rdquo;, o homem era o &uacute;ltimo remanescente de uma etnia n&atilde;o identificada que foi massacrada na d&eacute;cada de 1990.

O ind&iacute;gena era monitorado h&aacute; 26 anos pela Funai. Segundo a funda&ccedil;&atilde;o, o corpo do homem foi encontrado dentro da rede de dormir na palho&ccedil;a onde vivia pela equipe da Frente de Prote&ccedil;&atilde;o Etnoambiental Guapor&eacute;. Foi realizada per&iacute;cia pela Pol&iacute;cia Federal, com a presen&ccedil;a de especialistas do Instituto Nacional de Criminal&iacute;stica de Bras&iacute;lia e apoio de peritos criminais de Vilhena (RO). A an&aacute;lise foi acompanhada por servidores da Funai.

Segundo a funda&ccedil;&atilde;o, n&atilde;o havia sinais de viol&ecirc;ncia no local. &ldquo;Os pertences, utens&iacute;lios e objetos utilizados costumeiramente pelo ind&iacute;gena permaneciam em seus devidos lugares. No interior da palho&ccedil;a havia dois locais de fogo pr&oacute;ximos da sua rede&rdquo;, diz a nota do &oacute;rg&atilde;o. De acordo com a Funai, que lamentou profundamente a perda, a morte, aparentemente, ocorreu por causas naturais.

Os &iacute;ndios isolados que viviam na regi&atilde;o foram alvos de diversos ataques durante as d&eacute;cadas de 1980 e 1990. Assim, o grupo do &iacute;ndio, que j&aacute; era pequeno, acabou dizimado, deixando como &uacute;nico sobrevivente o homem, que tinha como caracter&iacute;stica marcante escavar buracos dentro das palho&ccedil;as onde vivia.

A Funai realizou algumas tentativas de contato com o ind&iacute;gena at&eacute; ficar claro que ele n&atilde;o queria a aproxima&ccedil;&atilde;o. Ent&atilde;o, desde 2005, ele passou a ser apenas monitorado pelas equipes do &oacute;rg&atilde;o. Os servidores, eventualmente, deixavam ferramentas e sementes nos locais por onde o homem passava.

Uma planilha produzida por uma servidora bolsonarista da Funda&ccedil;&atilde;o Nacional do &Iacute;ndio (Funai), obtida com exclusividade pela Ag&ecirc;ncia P&uacute;blica, mostra uma separa&ccedil;&atilde;o entre funcion&aacute;rios que eram cr&iacute;ticos e os que apoiavam o governo Bolsonaro.

Os servidores avaliados ocupavam cargos de dire&ccedil;&atilde;o no &oacute;rg&atilde;o, e passaram a ser remanejados a partir da defini&ccedil;&atilde;o ideol&oacute;gica que constava na planilha elaborada em Excel.

O documento foi elaborado por Adriana Ariadne Albuquerque Marques, em setembro de 2019, dois meses ap&oacute;s a nomea&ccedil;&atilde;o do delegado da Pol&iacute;cia Federal para presid&ecirc;ncia da Funai, Marcelo Xavier. Desde que assumiu o &oacute;rg&atilde;o, tem aumentado a presen&ccedil;a de militares.

Segundo o levantamento &ldquo;Funda&ccedil;&atilde;o Anti-Ind&iacute;gena: um retrato da Funai sob o governo Bolsonaro&rdquo;, divulgado no m&ecirc;s passado pela INA (Indigenistas Associados) e pelo INESC (Instituto de Estudos Socioecon&ocirc;micos), desde a gest&atilde;o passada, tem se intensificado a &quot;&ldquo;persegui&ccedil;&atilde;o a servidores de carreira e a sua substitui&ccedil;&atilde;o por profissionais sem experi&ecirc;ncia alguma com a pol&iacute;tica ind&iacute;gena&quot;.

Na planilha s&atilde;o listados 39 nomes dos chefes das CRs nos Estados, e cada um &eacute; separado como a favor ou contra o atual governo. Um grupo de 11 servidores t&ecirc;m o nome grifado em vermelho e a legenda &quot;Retirar com Urg&ecirc;ncia da CR&quot;. Neste per&iacute;odo, oito dos 11 listados foram substitu&iacute;dos nos meses seguintes ao arquivo.

Nas redes sociais, Adriana Marques debochou do desaparecimento do indigienista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips nas redes sociais, assassinados na terra ind&iacute;gena do Vale do Javari, chamando a dupla de &quot;Debi &amp; L&oacute;ide&quot;. No mesmo dia, ironizou com um post perguntando &quot;Onde est&aacute; Wally&quot;.

Procurada, a servidora negou ter conhecimento sobre a planilha e afirmou que j&aacute; deixou o cargo na Funai.

Na ter&ccedil;a-feira (26), a Funai respondeu, em nota, que &ldquo;os cargos em comiss&atilde;o e as fun&ccedil;&otilde;es de confian&ccedil;a s&atilde;o de livre nomea&ccedil;&atilde;o e exonera&ccedil;&atilde;o por parte do gestor, e devem atender &agrave;s exig&ecirc;ncias do Decreto n&ordm; 9.727, de 15 de mar&ccedil;o de 2019, que regulamenta crit&eacute;rios, perfil profissional e procedimentos gerais a serem observados para a ocupa&ccedil;&atilde;o dos cargos de Dire&ccedil;&atilde;o e Assessoramento Superiores (DAS) e as Fun&ccedil;&otilde;es Comissionadas do Poder Executivo (FCPE)&rdquo;.

A nota da Funai n&atilde;o cita&nbsp;a planilha questionada pela P&uacute;blica. O &oacute;rg&atilde;o escreveu ainda que &ldquo;o cargo de Coordenador Regional &eacute; um cargo de Dire&ccedil;&atilde;o e Assessoramento Superior de n&iacute;vel 3, no qual, segundo o Decreto n&ordm; 9.727/2019, o indicado deve possuir idoneidade moral e reputa&ccedil;&atilde;o ilibada;&nbsp;&nbsp;perfil profissional compat&iacute;vel com o cargo, n&atilde;o enquadramento nas hip&oacute;teses de inelegibilidade, bem como um dos requisitos do artigo 3&ordm; e 4&ordm; da referida norma&rdquo;.

&ldquo;Observado o disposto no Decreto n&ordm; 9.727/2019, a escolha final do postulante &eacute; ato discricion&aacute;rio da autoridade respons&aacute;vel pela nomea&ccedil;&atilde;o ou pela designa&ccedil;&atilde;o, que tem como fundamentos a experi&ecirc;ncia profissional, a qualifica&ccedil;&atilde;o t&eacute;cnica e a confian&ccedil;a, amparado no princ&iacute;pio da Supremacia do Interesse P&uacute;blico. Por fim, no que tange &agrave; exonera&ccedil;&atilde;o de ocupantes de cargo em comiss&atilde;o, a Funai esclarece que a decis&atilde;o &eacute; livre de motiva&ccedil;&atilde;o, pois os motivos s&atilde;o as raz&otilde;es de fato e de direito que justificam a pr&aacute;tica do ato administrativo, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF).&rdquo; 
&nbsp;

Nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) como l&iacute;der nacional da Funai, o delegado da Pol&iacute;cia Federal, &nbsp;Marcelo Xavier, foi expulso de um evento na Espanha aos gritos de &quot;miliciano&quot;, nesta quinta-feira (21).

Ele participava do III Encontro de Altas Autoridades da Ibero-Am&eacute;rica com Povos Ind&iacute;genas, que acontece em Madri, quando foi alvo do protesto do indigienista Ricardo Rao.&nbsp;

Rao tamb&eacute;m &eacute; servidor da Funai e acusou o presidente de ser respons&aacute;vel pelas mortes de Bruno Ara&uacute;jo e Dom Philipps, h&aacute; pouco mais de um m&ecirc;s, na regi&atilde;o do Vale do Javari.

&quot;Eu venho denunciar esse assassino, Marcelo Xavier, como inimigo de voc&ecirc;s. [...] Esse homem &eacute; um miliciano, n&atilde;o representa a Funda&ccedil;&atilde;o Nacional do &Iacute;ndio. &Eacute; um assassino, um miliciano, &eacute; amigo de um governo golpista que est&aacute; amea&ccedil;ando a democracia no Brasil&quot;, disparou o servidor.

&quot;O Itamaraty &eacute; uma vergonha, est&aacute; sendo bab&aacute; de miliciano. Marcelo Xavier &eacute; um miliciano. &Eacute; um assassino, respons&aacute;vel pela morte de Bruno Pereira&quot;, completou, enquanto Xavier deixava a sala acompanhado de um representante oficial.

O servidor foi colega de Bruno Ara&uacute;jo no curso de Forma&ccedil;&atilde;o de Pol&iacute;tica Indigenista da Funai e vive exilado na Europa desde 2019. Segundo informa&ccedil;&otilde;es da revista F&oacute;rum, em 19 de novembro de 2020, um ano ap&oacute;s se exilar por medo ser assassinado, Ricardo Rao foi exonerado da Funai por Xavier.

<blockquote class="twitter-tweet">
URGENTE! Marcelo Xavier, presidente miliciano da FUNAI, &eacute; expulso de um evento da ONU em Madri! Compartilhem! <a href="https://t.co/zf537y5Ohh">pic.twitter.com/zf537y5Ohh</a>
&mdash; RICARDO RAO (@RICARDORAO7) <a href="https://twitter.com/RICARDORAO7/status/1550050728793743362?ref_src=twsrc%5Etfw">July 21, 2022</a></blockquote>
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Servidores da Funda&ccedil;&atilde;o Nacional do &Iacute;ndio (Funai) anunciaram que, a partir das 10h da pr&oacute;xima quinta-feira (23), v&atilde;o entrar em greve em todas as unidades dos estados e no Distrito Federal. Em nota publicada nas redes sociais, a associa&ccedil;&atilde;o de servidores da funda&ccedil;&atilde;o INA (Indigenistas Associados) informou que o objetivo da greve &eacute; manifestar &quot;profunda tristeza e indigna&ccedil;&atilde;o pelo assassinato b&aacute;rbaro&quot; do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips.

A INA exige ainda a identifica&ccedil;&atilde;o e responsabiliza&ccedil;&atilde;o de todos os culpados. Al&eacute;m disso, os servidores tamb&eacute;m pedem a sa&iacute;da imediata do presidente do &oacute;rg&atilde;o, Marcelo Augusto Xavier da Silva. A associa&ccedil;&atilde;o acusa Xavier de estar &ldquo;promovendo uma gest&atilde;o anti-ind&iacute;gena e anti-indigenista na institui&ccedil;&atilde;o&quot;.

&quot;Por uma Funai indigenista e para os povos ind&iacute;genas! Pela prote&ccedil;&atilde;o das/os indigenistas, dos Povos Ind&iacute;genas e de suas lideran&ccedil;as, organiza&ccedil;&otilde;es e territ&oacute;rios! Convidamos as/os parceiras/os ind&iacute;genas, indigenistas e da sociedade em geral para o Ato Nacional de Greve da Funai!&quot;, diz o comunicado.

Na &uacute;ltima segunda-feira (13), a associa&ccedil;&atilde;o divulgou um dossi&ecirc;, em parceria com o Instituto de Estudos Socioecon&ocirc;micos (Inesc), acusando a Funai de implementar uma pol&iacute;tica anti-indigenista, marcada principalmente pela n&atilde;o demarca&ccedil;&atilde;o de territ&oacute;rios. 
&nbsp;

A Secretaria de Comunica&ccedil;&atilde;o do governo federal (Secom) informou neste final de semana que mais de 300 funcion&aacute;rios - entre militares, policiais federais, servidores da Funda&ccedil;&atilde;o Nacional do &Iacute;ndio (Funai) e integrantes das For&ccedil;as Nacionais - foram deslocados para ajudar nas opera&ccedil;&otilde;es de busca e investiga&ccedil;&atilde;o do paradeiro do jornalista brit&acirc;nico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira.<img src="https://agenciabrasil.ebc.com.br/ebc.png?id=1466376&amp;o=node" /><img src="https://agenciabrasil.ebc.com.br/ebc.gif?id=1466376&amp;o=node" />

Os corpos de&nbsp;Dom Phillips&nbsp;e de&nbsp;Bruno Pereira&nbsp;j&aacute; foram localizados e identificados. O corpo de Bruno, que foi periciado hoje (18), tinha 3 perfura&ccedil;&otilde;es de armas de grosso calibre - duas no t&oacute;rax e abd&ocirc;me e uma na cabe&ccedil;a. O laudo determinou que a causa da morte foi &quot;traumatismo toracoabdominal e craniano&quot;.

&ldquo;Em r&aacute;pida a&ccedil;&atilde;o, nesta sexta-feira, a per&iacute;cia da Pol&iacute;cia Federal, com base em exames de odontologia legal combinados com a antropologia forense, identificou que o material biol&oacute;gico encontrado &eacute; do jornalista Dom Phillips&rdquo;, informou a Secom em nota. 
 
As buscas foram realizadas em uma &aacute;rea equivalente a mais de 3 mil campos de futebol - cerca de 26,4 km&sup2;.

&Oacute;rg&atilde;o indigenista oficial do Estado brasileiro, a Funda&ccedil;&atilde;o Nacional do &Iacute;ndio (Funai) tem ignorado di&aacute;logo e recomenda&ccedil;&otilde;es sobre a quest&atilde;o ind&iacute;genas vindas de representantes do fora do governo, disse a procuradora da Rep&uacute;blica Eliana Torelly em entrevista &agrave; coluna de Carlos Madeiro, no portal Uol.

Coordenadora da 6&ordf; C&acirc;mara de Popula&ccedil;&otilde;es Ind&iacute;genas e Comunidades Tradicionais do MPF (Minist&eacute;rio P&uacute;blico do Trabalho), Eliana Torelly questiona o fato de que a Funai se mostra &ldquo;com portas fechadas&rdquo;, o que, segundo ela, colabora para &ldquo;ataques normativos&rdquo; que retiram direitos dos ind&iacute;genas.

&ldquo;&Eacute; importante registrar que, quanto &agrave; atua&ccedil;&atilde;o do &oacute;rg&atilde;o indigenista federal, sua atual diretoria tem se mostrado refrat&aacute;ria &agrave;s tentativas de di&aacute;logo institucional e &agrave;s recomenda&ccedil;&otilde;es expedidas pelo Minist&eacute;rio P&uacute;blico Federal, n&atilde;o restando outro caminho que n&atilde;o a via judicial&rdquo;, disse Eliana Torelly.

A Uni&atilde;o dos Povos Ind&iacute;genas do Vale do Javari (Univaja) afirmou neste domingo (12) ter encontrado uma nova embarca&ccedil;&atilde;o na mesma regi&atilde;o em que s&atilde;o realizadas as buscas pelo indigenista Bruno Ara&uacute;jo Pereira e pelo jornalista ingl&ecirc;s Dom Phillips. Os dois est&atilde;o desaparecidos desde 5 de junho na regi&atilde;o da reserva ind&iacute;gena do Vale do Javari, a segunda maior do pa&iacute;s, com mais de 8,5 milh&otilde;es de hectares.

&ldquo;O que a equipe de busca encontrou foi um poss&iacute;vel local onde vest&iacute;gios, observados na beira de barranco, apontam que uma embarca&ccedil;&atilde;o poderia ter sido arrastada no local. Essa informa&ccedil;&atilde;o foi repassada &agrave;s autoridades respons&aacute;veis pelas investiga&ccedil;&otilde;es e, por essa raz&atilde;o, o local foi isolado pelas autoridades competentes para que a busca e a per&iacute;cia sejam realizadas&rdquo;, diz o informe assinado pelo procurador jur&iacute;dico da Univaja, Eli&eacute;sio Marubo.

Ainda segundo o comunicado, nas proximidades do local foi encontrada tamb&eacute;m uma embarca&ccedil;&atilde;o que pode ser de propriedade de Amarildo da Costa Oliveira, detido para investiga&ccedil;&atilde;o. &quot;A informa&ccedil;&atilde;o sobre a propriedade da embarca&ccedil;&atilde;o ainda precisa ser confirmada pelos respons&aacute;veis pelas investiga&ccedil;&otilde;es&quot;, ressalta o documento.

Material gen&eacute;tico 
Na &uacute;ltima sexta-feira (10), a Pol&iacute;cia Federal (PF) no Amazonas, que est&aacute; &agrave; frente das for&ccedil;as de seguran&ccedil;a na Opera&ccedil;&atilde;o Javari, informou que equipes de busca encontraram material org&acirc;nico, &ldquo;aparentemente humano&rdquo;, em uma &aacute;rea pr&oacute;xima ao porto de Atalaia do Norte. Ainda n&atilde;o h&aacute; informa&ccedil;&atilde;o se a amostra recolhida tem alguma rela&ccedil;&atilde;o com o desaparecimento de Dom Phillips e de Bruno Pereira.

O Instituto Nacional de Criminal&iacute;stica da Pol&iacute;cia Federal &eacute; quem vai realizar a an&aacute;lise pericial do material recolhido, como tamb&eacute;m far&aacute; a per&iacute;cia em vest&iacute;gios de sangue encontrados na embarca&ccedil;&atilde;o de Amarildo da Costa de Oliveira, 41 anos, conhecido como &ldquo;Pelado&rdquo;.

Ele &eacute; suspeito de envolvimento no caso e teve a pris&atilde;o tempor&aacute;ria por 30 dias decretada na noite de quinta-feira (9) pela ju&iacute;za plantonista Jacinta Santos, durante a audi&ecirc;ncia de cust&oacute;dia na Comarca de Atalaia do Norte (AM). O processo segue em segredo de justi&ccedil;a.

Al&eacute;m dessas per&iacute;cias, ser&atilde;o analisados materiais gen&eacute;ticos coletados por investigadores de refer&ecirc;ncia de Dom Phillips, em Salvador, e de Bruno Pereira, no Recife. As amostras ser&atilde;o utilizadas na an&aacute;lise comparativa com o sangue encontrado na embarca&ccedil;&atilde;o.

Um homem foi preso pela Pol&iacute;cia Militar no Vale do Javari, suspeito de envolvimento no desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista brit&acirc;nico Dom Phillips, do The Guardian.

Segundo informa&ccedil;&otilde;es obtidas pela colunista Miriam Leit&atilde;o, do Globo, ele &eacute; conhecido como Amauri e tem hist&oacute;rico de amea&ccedil;as a ind&iacute;genas na regi&atilde;o. Apesar da press&atilde;o para que fosse solto, pela falta de provas, foram identificados outros crimes atribu&iacute;dos a ele.

Inclusive, o suspeito teria amea&ccedil;ado uma das equipes que realizava a busca pela dupla desaparecida a caminho do munic&iacute;pio de Atalaia do Norte, desde o &uacute;ltimo domingo.

A regi&atilde;o sofre com o dom&iacute;nio de quadrilhas envolvidas no tr&aacute;fico de madeira, de drogas e no garimpo. Nos &uacute;ltimos meses, bases da Funai foram atacadas e o &oacute;rg&atilde;o foi expulso do local que tem uma grande extens&atilde;o territorial.

A Pol&iacute;cia Federal prendeu, na noite desta segunda-feira (6), dois homens suspeitos de envolvimento no desaparecimento do indigenista Bruno Ara&uacute;jo Pereira, da Funda&ccedil;&atilde;o Nacional do &Iacute;ndio (Funai), e do jornalista ingl&ecirc;s Dom Phillips, colaborador do jornal The Guardian.&nbsp;

Os homens s&atilde;o dois pescadores, identificados apenas como &nbsp;&quot;Churrasco&quot; e &quot;J&acirc;neo&quot;. Eles foram levados para a cidade de Atalaia do Norte e est&atilde;o em poder da Pol&iacute;cia Civil para prestar esclarecimentos.

Na manh&atilde; dessa segunda-feira (6), a Uni&atilde;o dos Povos Ind&iacute;genas do Vale do Javari (Univaja) informou o desaparecimento de Bruno e Dom Phillips na Amaz&ocirc;nia. De acordo com a associa&ccedil;&atilde;o, o desaparecimento j&aacute; durava mais de 24 horas.&nbsp;

Segundo a entidade, eles estavam recebendo amea&ccedil;as e desapareceram no trajeto entre a comunidade Ribeirinha S&atilde;o Rafael e a cidade de Atalaia do Norte. Eles viajavam com uma embarca&ccedil;&atilde;o nova, com gasolina suficiente para a viagem e ainda sete tambores vazios de combust&iacute;vel.

O desaparecimento chama a aten&ccedil;&atilde;o porque o indigenista brasileiro &eacute; &quot;experiente e profundo conhecedor da regi&atilde;o, pois foi Coordenador Regional da Funai de Atalaia do Norte por anos&quot;, segundo a entidade.&nbsp;

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