<img alt="‘Paradise Papers’: Apple, Nike e Hamilton se somam à lista" src="https://cdn-istoe-ssl.akamaized.net/wp-content/uploads/sites/14/2017/11/b44fe26fa989f642edf6f7d075badcf4579053a5-1.jpg" style="height:410px; width:650px" />

Apple, Nike e o piloto de F&oacute;rmula 1 Lewis Hamilton se somaram &agrave; lista de empresas e personalidades que constam dos &ldquo;Paradise Papers&rdquo;, sobre pr&aacute;ticas de otimiza&ccedil;&atilde;o fiscal em escala mundial.

A Apple teria utilizado o para&iacute;so fiscal brit&acirc;nico de Jersey para continuar pagando pouco ou nenhum imposto depois de ter posto fim a pr&aacute;ticas similares na Irlanda.

A fabricante de artigos esportivos Nike criou empresas offshore nas Bermudas, &agrave;s quais as filiais da empresa deviam pagar centenas de milh&otilde;es de euros para poder utilizar os direitos da marca.

Com esta manobra, o grupo divulgou lucros menores do que teve na realidade e pagou menos impostos do o que lhe correspondia.

Lewis Hamilton, quatro vezes campe&atilde;o do mundo de F&oacute;rmula 1, recorreu a uma empresa fantasma na ilha de Man para economizar mais de 4 milh&otilde;es de euros de IVA na compra de um jatinho privado de mais de 18 milh&otilde;es de euros.

Dezoito meses depois dos &ldquo;Panama Papers&rdquo;, relacionados com fraudes fiscais, o Cons&oacute;rcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em ingl&ecirc;s), que re&uacute;ne 96 meios de comunica&ccedil;&atilde;o de 67 pa&iacute;ses, come&ccedil;ou a divulgar os &ldquo;Paradise Papers&rdquo;.

A entidade usou como base o vazamento de 13,5 milh&otilde;es de documentos financeiros, procedentes fundamentalmente de um escrit&oacute;rio internacional de advocacia com sede nas ilhas Bermudas, Appleby, obtidos pelo jornal alem&atilde;o S&uuml;ddeutsche Zeitung.

Documentos procedentes do Appleby revelaram que o secret&aacute;rio do Com&eacute;rcio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, conservou participa&ccedil;&otilde;es no capital de uma empresa de transporte mar&iacute;timo que tem v&iacute;nculos estreitos com um oligarca russo que entrou em uma lista de san&ccedil;&otilde;es dos Estados Unidos e com um genro do presidente Vladimir Putin, segundo o New York Times.

V&aacute;rias personalidades questionadas se defenderam aludindo &agrave; legalidade de seus investimentos.

&ndash; Longa lista &ndash;

No Reino Unido, quase 10 milh&otilde;es de libras esterlinas da rainha Elizabeth II foram colocados em fundos nas ilhas Cayman e Bermudas, segundo a BBC e o jornal The Guardian.

O magnata canadense Stephen Bronfman depositou, ao lado de seu mentor Leo Kolber, quase 60 milh&otilde;es de d&oacute;lares em uma empresa offshore em Cayman, segundo o Toronto Star.

Este amigo do primeiro-ministro Justin Trudeau e diretor financeiro da campanha do governante Partido Liberal do Canad&aacute; nas elei&ccedil;&otilde;es de 2015 pode virar um peso para o chefe de Governo, eleito com promessas de redu&ccedil;&atilde;o das desigualdades e de justi&ccedil;a fiscal.

Os circuitos utilizados pelos mais ricos e pelas empresas multinacionais para colocar seus recursos em para&iacute;sos fiscais n&atilde;o s&atilde;o ilegais, mas gra&ccedil;as a brechas na regulamenta&ccedil;&atilde;o, permitem a seus benefici&aacute;rios pagar muito menos impostos.

&ndash; Problemas &eacute;ticos &ndash;

O caso do secret&aacute;rio de Com&eacute;rcio americano pode apresentar problemas &eacute;ticos, afirmou Richard W. Painter, que foi diretor da comiss&atilde;o de &eacute;tica durante a presid&ecirc;ncia do republicano George W. Bush.

Wilbur Ross, um reputado homem do setor financeiro, reduziu sua participa&ccedil;&atilde;o na Navigator Holdings, a empresa incriminada, ao assumir o cargo em janeiro, mas ainda controla 31% de seu capital atrav&eacute;s de companhias offshore.

Um dos principais clientes da Navigator Holdings &eacute; a empresa russa de g&aacute;s e produtos petroqu&iacute;micos Sibur, que aportou 26 milh&otilde;es de d&oacute;lares a seu volume de neg&oacute;cios em 2016, informa o jorna franc&ecirc;s Le Monde.

Entre os propriet&aacute;rios da Sibur est&atilde;o Guennadi Timtchenko, um oligarca pr&oacute;ximo ao presidente russo Vladimir Putin, punido pelo Tesouro americano ap&oacute;s a invas&atilde;o da Crimeia por Moscou, e Kiril Chamalov, casado com a filha mais nova de Putin.

&ldquo;O secret&aacute;rio Ross n&atilde;o participou na decis&atilde;o da Navigator de fazer neg&oacute;cios com a Sibur, que na &eacute;poca n&atilde;o estava na lista de san&ccedil;&otilde;es, como tampouco est&aacute; agora&rdquo;, reagiu o Departamento do Com&eacute;rcio em um comunicado.

&ldquo;O secret&aacute;rio nunca se reuniu com os acionistas da Sibur mencionados&rdquo;, completa o texto, segundo o qual Ross &ldquo;respeita as normas &eacute;ticas do governo&rdquo;.

Desde o in&iacute;cio, a administra&ccedil;&atilde;o do presidente Donald Trump &eacute; afetada pelo &ldquo;caso russo&rdquo;, suspeitas de conluio de sua equipe de campanha com Moscou.

Entre os outros clientes da Navigator Holding figura a petroleira estatal venezuelana PDVSA, afetada por san&ccedil;&otilde;es de Washington.

Os fundos da rainha Elizabeth II colocados nas ilhas Cayman e Bermudas foram gerados pelo ducado de Lancaster, dom&iacute;nio privado da soberana e fonte de sua renda.

&ldquo;Todos os nossos investimentos passam por auditorias e s&atilde;o leg&iacute;timos&rdquo;, disse &agrave; AFP a porta-voz do ducado de Lancaster.

Ela disse que os investimentos em fundos no exterior representam apenas 0,3% do valor total do ducado.

O l&iacute;der da oposi&ccedil;&atilde;o trabalhista brit&acirc;nica, Jeremy Corbyn, denunciou no Twitter que existe &ldquo;uma regra para os super-ricos e outra para os demais quando se trata de pagar impostos&rdquo;.

A lista inclui ainda o cantor irland&ecirc;s da banda U2 Bono, que tem participa&ccedil;&atilde;o em uma empresa de Malta que comprou um shopping se passando por uma firma lituana em 2007, segundo BBC e o jornal The Guardian.

&ldquo;Estou muito angustiado, apesar de ser um investidor minorit&aacute;rio e passivo&rdquo;, disse Bono, destacando que os administradores da empresa &ldquo;lhe garantiram que ela cumpria totalmente com as obriga&ccedil;&otilde;es fiscais&rdquo;.

No Brasil, os ministros da Fazenda e da Agricultura, Henrique Meirelles e Blairo Maggi respectivamente, negaram ter cometido qualquer irregularidade depois que seus nomes apareceram vinculados a empresas offshore em para&iacute;sos fiscais.

O nome do ministro argentino das Finan&ccedil;as, Luis Caputo, tamb&eacute;m aparece na rela&ccedil;&atilde;o.

Antes de ser ministro, Caputo administrava um fundo de investimentos baseado nos Estados Unidos com atividades nas Ilhas Caiman e em Delaware, segundo o jornal argentino La Nacion.

AFP (AO)

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