<img alt="Hillary discursa em Detroit nesta sexta-feira (4) (Foto: Paul Sancya/AP)" src="http://s2.glbimg.com/wQ6-iJ--dqZJ5tUoseh1PA8jddg=/620x465/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2016/11/04/campaign_2016_clinton_fran.jpg" style="height:488px; width:650px" />

A democrata&nbsp;Hillary Clinton&nbsp;e o republicano Donald Trump disputam os votos dos eleitores nesta ter&ccedil;a-feira (7). No Brasil, especialistas apontam que as incertezas sobre o cen&aacute;rio externo podem ter impacto sobre o c&acirc;mbio no Brasil, o que pode gerar efeitos sobre a infla&ccedil;&atilde;o e a taxa de juros. Economistas tamb&eacute;m citam d&uacute;vidas sobre acordos comerciais, e apontam que pode haver atraso na retomada do crescimento da economia brasileira.

Veja abaixo as proje&ccedil;&otilde;es feitas por especialistas ouvidos pelo&nbsp;G1&nbsp;sobre os efeitos para a economia do Brasil nos dois cen&aacute;rios poss&iacute;veis: 
 
Em caso de vit&oacute;ria de Hillary

O cen&aacute;rio em que a candidata democrata seja escolhida como substituta de&nbsp;Barack Obama&eacute; entendido como continuidade da atual pol&iacute;tica econ&ocirc;mica norte-americana, analisam os especialistas. Eles apontam que isso seria ben&eacute;fico para o Brasil.

&ldquo;Hillary &eacute; a continuidade. Ent&atilde;o, o Brasil se beneficia da estabilidade do cen&aacute;rio. Na situa&ccedil;&atilde;o que n&oacute;s estamos passando, precisamos de um cen&aacute;rio externo mais est&aacute;vel para o nosso processo de recupera&ccedil;&atilde;o econ&ocirc;mica&rdquo;, diz Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset Management. 
 
Rafael Cortez, cientista pol&iacute;tico da Tend&ecirc;ncias Consultoria, tamb&eacute;m analisa a vit&oacute;ria da democrata por esse aspecto. &ldquo;O mundo deixa de ser uma vari&aacute;vel que vai gerar barulho. Com Hillary ganhando, o Brasil vai ficar mais voltado para resolver os seus problemas dom&eacute;sticos. &rdquo; 
 
Para o mercado, Cortez afirma que o efeito da vit&oacute;ria democrata seria positivo no curto prazo pela &ldquo;interrup&ccedil;&atilde;o do &lsquo;risco Trump&rsquo;, que &eacute; percebido como mais significativo&rdquo;, mas ressalva que ainda h&aacute; percep&ccedil;&atilde;o de risco a m&eacute;dio e longo prazo. &ldquo;A despeito das fortes cr&iacute;ticas ao Trump, a Hillary tamb&eacute;m representa, em um certo sentido, algum risco para a economia, especialmente devido ao atual momento pol&iacute;tico bastante conturbado norte-americano&rdquo;.

&ldquo;No fundo, h&aacute; tamb&eacute;m uma incerteza em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; Hillary. N&atilde;o &eacute; que ela seja percebida como um caminho mais seguro para a retomada do crescimento, n&atilde;o quer dizer que o mercado esteja convencido. Na verdade, uma boa parte do desempenho da Hillary se deve &agrave; rejei&ccedil;&atilde;o do Trump&rdquo;, pondera Cortez.

Ele cita o risco de maior interven&ccedil;&atilde;o na economia norte-americana e maior tributa&ccedil;&atilde;o, o que &ldquo;pode resultar em efeitos econ&ocirc;micos mais negativos&rdquo;. &ldquo;Vai ter um momento em que o mercado vai precisar entender a agenda dela.&rdquo;

O Fed com Hillary 
Sobre o rumo dos juros nos Estados Unidos, Vieira aponta que uma vit&oacute;ria de Hillary &ldquo;n&atilde;o muda nada&rdquo;. &ldquo;Continua a perspectiva de eleva&ccedil;&atilde;o gradual e avalia&ccedil;&atilde;o da normaliza&ccedil;&atilde;o da pol&iacute;tica monet&aacute;ria norte-americana.&rdquo;

O mercado monitora pistas sobre a decis&atilde;o do Federal Reserve (Fed) sobre o rumo dos juros nos Estados Unidos porque taxas mais altas poderiam atrair para o pa&iacute;s recursos aplicados atualmente em outros mercados, motivando assim uma tend&ecirc;ncia de alta do d&oacute;lar em rela&ccedil;&atilde;o a moedas como o real.

Em caso de vit&oacute;ria de Trump

<img alt="Donald Trump durante comício em Greeley, Colorado, no domingo (30) (Foto: Chip Somodevilla/Getty Images/AFP )" src="http://s2.glbimg.com/gZvLwji6vPiOnA4rNOwVEu1P-js=/620x465/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2016/10/31/063_619309884.jpg" style="height:488px; width:650px" />

Cortez aponta que uma eventual vit&oacute;ria de Trump teria como efeito imediato um aumento da volatilidade dos mercados e aumento da percep&ccedil;&atilde;o de risco. &ldquo;Pode ter um pouco de estresse at&eacute; o mercado entender o que vai sair do discurso populista e exagerado e vai se transformar em agenda de governo.&rdquo; 
 
Vieira analisa que o principal temor do mercado em rela&ccedil;&atilde;o a Trump &eacute; a incerteza. &ldquo;Esse excesso de d&uacute;vida que ele traz para o mercado &eacute; o que talvez assuste mais do que qualquer outra coisa&rdquo;, analisa. &ldquo;As ideias dele s&atilde;o muito soltas, o plano econ&ocirc;mico &eacute; confuso. E ele mesmo n&atilde;o tem dom&iacute;nio do que seria o plano econ&ocirc;mico. &Eacute; dif&iacute;cil entender o que ele quer. &rdquo;

O d&oacute;lar alto pode dificultar a converg&ecirc;ncia da infla&ccedil;&atilde;o para o centro da meta&quot; 
Rafael Cortez

Para o Brasil, os efeitos de uma vit&oacute;ria de Trump devem ser negativos no que se refere a acordos comerciais, diz Vieira. &ldquo;A pol&iacute;tica externa dele seria o mais protecionista poss&iacute;vel. E o Brasil est&aacute; num momento de tentativa alinhar novos acordos comerciais, principalmente com as economias centrais, entre elas os Estados Unidos&rdquo;, comenta Vieira. 
 
&ldquo;Um contexto de&nbsp;Donald Trump&nbsp;pode atrapalhar isso muito, em diversos sentidos: n&atilde;o s&oacute; em rela&ccedil;&atilde;o aos pr&oacute;prios acordos que o Brasil tem a fechar com os EUA, mas tamb&eacute;m com outras economias centrais. Isso porque elas podem tomar uma posi&ccedil;&atilde;o mais defensiva por conta da situa&ccedil;&atilde;o&rdquo;, complementa. 
 
Cortez tamb&eacute;m aponta os poss&iacute;veis riscos de uma vit&oacute;ria de Trump sobre a infla&ccedil;&atilde;o e os juros no Brasil. Isso porque, com uma maior percep&ccedil;&atilde;o de risco do mercado, a tend&ecirc;ncia &eacute; que o d&oacute;lar suba em rela&ccedil;&atilde;o ao real. &ldquo;Esse real mais desvalorizado vai dificultar o processo de converg&ecirc;ncia da infla&ccedil;&atilde;o para o centro da meta, e isso pode resultar em um Banco Central um pouco mais conservador em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; pol&iacute;tica monet&aacute;ria. &rdquo;

O Fed com Trump 
Sobre o rumo dos juros, Cortez afirma que o aumento da percep&ccedil;&atilde;o de risco poderia afetar a decis&atilde;o do Fed sobre os rumo dos juros nos Estados Unidos. &ldquo;O Fed emite sinais crescentes de que deve fazer o aumento da taxa de juros. Mas, eventualmente, com essa turbul&ecirc;ncia, pode ser mais conservador. &rdquo; 
 
O especialista explica que juros mais altos em um momento de tens&atilde;o poderiam prejudicar a retomada da economia no pa&iacute;s. O Fed, ent&atilde;o, tentaria evitar que &ldquo;a atividade fique enfraquecida nesse momento de crise confian&ccedil;a. Com a taxa de juros um pouco mais apertada, h&aacute; risco de que esse in&iacute;cio de recupera&ccedil;&atilde;o ainda muito t&ecirc;nue seja revertido&rdquo;. 
 
Vieira aponta que &eacute; &ldquo;um cen&aacute;rio dif&iacute;cil de se avaliar&rdquo;. &ldquo;N&atilde;o se sabe quanto a pretensa pol&iacute;tica econ&ocirc;mica dele se chocaria com as pretens&otilde;es do Fed de normaliza&ccedil;&atilde;o de juros&rdquo;, afirma ele, acrescentando que n&atilde;o &eacute; poss&iacute;vel dizer tamb&eacute;m &ldquo;qual o n&iacute;vel de interfer&ecirc;ncia&rdquo; que Trump teria sobre o banco central norte-americano.

Reprodu&ccedil;&atilde;o/G1

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