Na &uacute;ltima sexta-feira (27), o Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de de Ruanda confirmou casos in&eacute;ditos no pa&iacute;s de infec&ccedil;&atilde;o pelo v&iacute;rus Marburg. Amostras de sangue de pacientes que apresentaram sintomas compat&iacute;veis foram analisadas pelo Laborat&oacute;rio Nacional de Refer&ecirc;ncia e testaram positivo para a doen&ccedil;a. Dois dias depois, pelo menos 26 casos j&aacute; haviam sido confirmados em sete dos 30 distritos de Ruanda, sendo que mais da metade dos infectados s&atilde;o profissionais de sa&uacute;de de duas unidades da capital Kigali.

O &uacute;ltimo boletim divulgado por autoridades sanit&aacute;rias de Ruanda esta semana contabiliza 31 pessoas infectadas e 11 mortes. Ao todo, 19 pacientes est&atilde;o sendo mantidos em isolamento enquanto recebem tratamento.

O rastreamento e a testagem de pessoas pr&oacute;ximas aos infectados, de acordo com o Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de local, est&aacute; em andamento, com mais de 300 pessoas sendo monitoradas. A Organiza&ccedil;&atilde;o Mundial da Sa&uacute;de (OMS) coordena as a&ccedil;&otilde;es para controle e preven&ccedil;&atilde;o de casos no pa&iacute;s e em na&ccedil;&otilde;es vizinhas.

A entidade define a doen&ccedil;a de Marburg como altamente virulenta e respons&aacute;vel por um quadro de febre hemorr&aacute;gica com taxa de mortalidade que chega a 88%, dependendo da cepa e do gerenciamento de casos. Pertencente &agrave; mesma fam&iacute;lia do v&iacute;rus Ebola, o Marburg provoca sintomas que come&ccedil;am de forma abrupta, incluindo febre alta, dor de cabe&ccedil;a severa e forte mal-estar. Muitos pacientes desenvolvem sintomas hemorr&aacute;gicos graves em um per&iacute;odo de apenas sete dias.

O que &eacute; a doen&ccedil;a do v&iacute;rus Marburg?

&Eacute; classificada como uma enfermidade grave e, muitas vezes, fatal, causada pelo v&iacute;rus Marburg. A infec&ccedil;&atilde;o leva a um quadro de febre hemorr&aacute;gica viral grave em humanos, caracterizada por febre, dor de cabe&ccedil;a severa, dor nas costas, dores musculares intensas, dor abdominal, v&ocirc;mito, confus&atilde;o mental, diarreia e, em est&aacute;gios muito avan&ccedil;ados, sangramentos.

A doen&ccedil;a foi identificada pela primeira vez no munic&iacute;pio de Marburg, na Alemanha, em 1967. Desde ent&atilde;o, h&aacute; um n&uacute;mero limitado de surtos, notificados em Angola, na Rep&uacute;blica Democr&aacute;tica do Congo, no Qu&ecirc;nia, na &Aacute;frica do Sul, na Uganda e, agora, em Ruanda.

&nbsp;

Em 2023, foram identificados dois surtos distintos de Marburg em dois pa&iacute;ses: Guin&eacute; Equatorial e Tanz&acirc;nia. De acordo com a OMS, a doen&ccedil;a figura como uma grave amea&ccedil;a &agrave; sa&uacute;de p&uacute;blica em raz&atilde;o de sua elevada taxa de mortalidade, al&eacute;m da aus&ecirc;ncia de um tratamento antiviral ou mesmo de uma vacina capaz de conter a dissemina&ccedil;&atilde;o do v&iacute;rus.

Como &eacute; a infec&ccedil;&atilde;o pelo v&iacute;rus?

Inicialmente, seres humanos podem ser infectados ao entrarem em contato com morcegos Rousettus, um tipo de morcego frug&iacute;voro (que se alimentam de frutas) frequentemente encontrado em minas e cavernas. J&aacute; a transmiss&atilde;o de pessoa para pessoa acontece principalmente por meio do contato com fluidos corporais de pessoas infectadas, incluindo sangue, fezes, v&ocirc;mito, saliva, urina, suor, leite materno, s&ecirc;men e fluidos da gravidez.

A infec&ccedil;&atilde;o tamb&eacute;m ocorre por meio do contato com superf&iacute;cies e materiais contaminados com esses fluidos corporais. A doen&ccedil;a n&atilde;o se espalha pelo ar.

A OMS alerta que o v&iacute;rus, muitas vezes, se espalha de um membro da fam&iacute;lia para outro ou ainda de um paciente para um profissional de sa&uacute;de que n&atilde;o utilize equipamentos de prote&ccedil;&atilde;o adequados.

Pessoas infectadas permanecem transmitindo o Marburg enquanto houver carga viral no sangue, o que significa que os pacientes devem receber tratamento em unidades de sa&uacute;de espec&iacute;ficas e aguardar que testes laboratoriais confirmem o momento de retornar ao conv&iacute;vio em seguran&ccedil;a.

Quais os sinais e sintomas?

Os primeiros sintomas podem surgir logo ap&oacute;s a infec&ccedil;&atilde;o e incluem febre alta, calafrios, dor de cabe&ccedil;a intensa e cansa&ccedil;o intenso. Dores musculares tamb&eacute;m s&atilde;o sintomas iniciais comuns.

O quadro tende a se agravar com o passar do tempo, quando aparecem n&aacute;useas, v&ocirc;mitos, dores de est&ocirc;mago e/ou no peito, erup&ccedil;&otilde;es cut&acirc;neas e diarreia, que podem durar cerca de uma semana.

Nas fases tardias da doen&ccedil;a, &eacute; comum ocorrer sangramento em diversos locais do corpo, como gengivas, nariz e &acirc;nus. Os pacientes podem sofrer choque, del&iacute;rio e fal&ecirc;ncia de &oacute;rg&atilde;os.

De acordo com a OMS, os sintomas de infec&ccedil;&atilde;o por Marburg mais relatados s&atilde;o:

- febre;

- dor nas costas;

- dor muscular;

- dor de est&ocirc;mago;

- perda de apetite;

- v&ocirc;mito;

- letargia;

- irrita&ccedil;&atilde;o na pele;

- dificuldade em engolir;

- dor de cabe&ccedil;a;

- diarreia;

- solu&ccedil;o;

- dificuldade para respirar.

Qual o intervalo de tempo at&eacute; que os sintomas comecem a aparecer?

A janela de tempo entre a infec&ccedil;&atilde;o por Marburg e o in&iacute;cio dos sintomas varia de dois a 21 dias. Alguns pacientes apresentam sangramento entre cinco e sete dias sendo que a maioria dos casos fatais geralmente apresenta algum tipo de sangramento &ndash; geralmente, em m&uacute;ltiplas &aacute;reas do corpo. Quadros de sangue no v&ocirc;mito e/ou nas fezes, por exemplo, costumam ser acompanhados de sangramentos no nariz, nas gengivas e na vagina.

&ldquo;A morte pode ocorrer rapidamente e, geralmente, &eacute; causada por sepse viral, fal&ecirc;ncia m&uacute;ltipla de &oacute;rg&atilde;os e sangramento&rdquo;, alerta a OMS.

Os v&iacute;rus Marburg e Ebola provocam a mesma doen&ccedil;a?

A OMS classifica as duas infec&ccedil;&otilde;es como raras e semelhantes, mas causadas por v&iacute;rus distintos, ambos membros da fam&iacute;lia dos filov&iacute;rus e com capacidade de causar surtos com altas taxas de mortalidade.

A doen&ccedil;a de Marburg pode ser confundida com outros quadros infecciosos como ebola, mal&aacute;ria, febre tifoide e dengue, em raz&atilde;o da semelhan&ccedil;a dos sintomas.

Por esse motivo, apenas a testagem realizada em laborat&oacute;rio, utilizando amostras de sangue, tecido ou outros fluidos corporais do paciente, pode confirmar a infec&ccedil;&atilde;o.

O que fazer em caso de sintomas de Marburg?

Se voc&ecirc; ou algu&eacute;m pr&oacute;ximo a voc&ecirc; apresentar sintomas semelhantes aos da infec&ccedil;&atilde;o por Marburg, a orienta&ccedil;&atilde;o da OMS &eacute; entrar em contato com um profissional de sa&uacute;de local para obter conselhos atualizados e precisos.

Em casos em que h&aacute; resultado de teste positivo para a infec&ccedil;&atilde;o, o atendimento precoce em um centro de tratamento espec&iacute;fico &eacute; considerado essencial, al&eacute;m de aumentar as chances de sobreviv&ecirc;ncia.

N&atilde;o existe tratamento espec&iacute;fico para a doen&ccedil;a. Entretanto, no intuito de maximizar as chances de recupera&ccedil;&atilde;o e ampliar a seguran&ccedil;a de pessoas pr&oacute;ximas, todos os pacientes devem receber cuidados e permanecer em um centro de tratamento designado para esse tipo de caso at&eacute; que sejam autorizados a sair. A OMS n&atilde;o recomenda o tratamento em casa.

&ldquo;Se voc&ecirc; ou um ente querido testar negativo para doen&ccedil;a de Marburg, mas ainda apresentar sintomas compat&iacute;veis, permane&ccedil;a vigilante at&eacute; que eles desapare&ccedil;am e at&eacute; que voc&ecirc; seja liberado pelo seu m&eacute;dico&rdquo;, destacou a organiza&ccedil;&atilde;o.

&ldquo;Siga sempre os conselhos dos profissionais de sa&uacute;de, j&aacute; que podem ser necess&aacute;rias an&aacute;lises laboratoriais adicionais em casos de resultado laboratorial negativo mas com paciente sintom&aacute;tico&rdquo;.

Como proteger do v&iacute;rus? 
A melhor forma de prevenir a infec&ccedil;&atilde;o por Marburg &eacute; evitar o contato com indiv&iacute;duos ou animais infectados e praticar uma boa higiene, al&eacute;m de seguir outras medidas possivelmente recomendadas por governos e autoridades sanit&aacute;rias locais.

Caso voc&ecirc; more ou esteja viajando para &aacute;reas onde foi relatada a presen&ccedil;a do v&iacute;rus &ndash; ainda que n&atilde;o apresente sintomas e que n&atilde;o tenha entrado em contato com um paciente infectado &ndash;, a orienta&ccedil;&atilde;o &eacute; seguir medidas preventivas como:

- procurar atendimento caso surjam sinais da infec&ccedil;&atilde;o;

- lavar as m&atilde;os regularmente com sab&atilde;o ou com solu&ccedil;&atilde;o para esfregar as m&atilde;os &agrave; base de &aacute;lcool;

- evitar contato com fluidos corporais de pessoas com sintomas de infec&ccedil;&atilde;o por Marburg, al&eacute;m de evitar o manejo do corpo de algu&eacute;m que faleceu com sintomas da doen&ccedil;a;

- ao parar em pontos de controle sanit&aacute;rios oficiais, aderir a quaisquer medidas preventivas em vigor, incluindo a triagem de temperatura e o preenchimento de formul&aacute;rios de declara&ccedil;&atilde;o de sa&uacute;de.

Tem tratamento da doen&ccedil;a? 
Atualmente, n&atilde;o h&aacute; tratamento dispon&iacute;vel para pacientes diagnosticados com o v&iacute;rus. Por isso, a OMS considera essencial que pessoas que apresentem sintomas semelhantes procurem atendimento precoce. C

Cuidados de suporte, incluindo o fornecimento de hidrata&ccedil;&atilde;o adequada, o controle da dor e de outros sintomas que possam surgir deve ser feito por profissionais de sa&uacute;de e &eacute; considerado a forma mais segura e eficaz de gerir a infec&ccedil;&atilde;o.

O tratamento de coinfec&ccedil;&otilde;es, como por mal&aacute;ria, doen&ccedil;a bastante comum no continente africano, tamb&eacute;m &eacute; definido como crucial para os cuidados de suporte contra o Marburg.

Segundo a OMS, terapias em fase de teste e ainda n&atilde;o aprovadas para o tratamento da infec&ccedil;&atilde;o foram priorizadas para avalia&ccedil;&atilde;o da entidade por meio de ensaios cl&iacute;nicos randomizados.

Existem vacinas?

At&eacute; o momento, n&atilde;o existem vacinas aprovadas para prevenir a infec&ccedil;&atilde;o pelo v&iacute;rus Marburg. H&aacute;, entretanto, algumas doses atualmente em processo de desenvolvimento. &ldquo;A OMS identificou a doen&ccedil;a de Marburg como uma doen&ccedil;a de alta prioridade para a qual se faz urgentemente necess&aacute;ria uma vacina&rdquo;, informa a OMS.&nbsp;

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