No JN, Lula responde sobre corrupção e garante ser capaz de resolver crise econômica

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Luiz Felipe Fernandez

Eleições 2022

26 de agosto de 2022 às 08h25

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De volta ao Jornal Nacional na Rede Globo após 16 anos, o ex-presidente Lula foi o terceiro entrevistado na sabatina do programa jornalístico, pelos apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos, na noite desta quinta-feira (25).

O ex-presidente foi confrontado logo no início sobre os casos de corrupção em seu governo, como o Mensalão e Petrolão, apesar da ressalva de Bonner sobre a anulação dos processos oriundos da Lava-Jato.

Lula destacou as iniciativas criadas no seu mandato, como leis que visam combater a corrupção e se diferenciou de outros governos por não interferir no funcionamento de órgãos como Ministério Público e Polícia Federal.

“Foi no meu governo que criamos o Portal da Transparência, que colocamos a CGU para fiscalizar, criamos a Lei de Acesso à informação, a Lei Anticorrupção, a Lei contra o Crime Organizado, a Lei contra Lavagem de Dinheiro, a AGU entrou no combate à corrupção, colocamos o Coaf para cuidar de movimentações financeiras atípicas e colocamos o Cade para combater os cartéis. Além de que o Ministério Público era independente e a Polícia Federal teve, em meu governo, mais liberdade do que em qualquer outro momento na história”, afirmou.

Confrontado por Bonner sobre os recursos devolvidos pela Lava-Jato aos cofres públicos, Lula disse ser a favor de qualquer mecanismo que combata a corrupção, mas entende que a operação passou a ter uma motivação 'política'. Ele lamentou ainda que a Lava-Jato tenha impedido o funcionamento das empreiteiras, para além de punir quem de fato errou, o que teria agrava a crise econômica no Brasil.

“Você pode fazer investigação com a maior seriedade, como foi feito na Samsung, na Coreia; na Alstom, na França; na Volkswagen, na Alemanha. Você investiga, se o empresário roubou, você prende, condena, mas permite que a empresa continue funcionando. Aqui no Brasil, se quebrou a indústria de engenharia, que nós levamos quase que um século para construir”, afirmou.

O apresentador citou a opinião de especialistas que projetam um cenário difícil para o presidente que assumir o mandato pelos próximos 4 anos no que tange à economia. 

Lula respondeu com números da inflação quando assumiu a presidência em 2002, em patamar semelhante ao encarado hoje, e se disse capaz de resolver novamente o problema econômico do país. Ele contornou críticas à Dilma Roussef, mas pontuou que tomaria algumas decisões diferentes.

O petista ainda rasgou elogios ao seu atual vice na chapa, Geraldo Alckmin (PSDB), que foi seu adversário por anos. Lula associou à aliança a uma postura política que defende, de conciliação e aceitação dos diferentes para combater o "antagônico", parafraseando Paulo Freire.  

Lula também fez questão de diferenciar a polarização política da violência e propagação do 'ódio'.

AGRO

Sobre o agronegócio, fez questão de ressaltar que não encara como inimigo, mas que existe hoje uma parcela radical 'direta e fascista' que apoia o presidente Bolsonaro pela flexibilização do acesso às armas, que não estão preocupados com o meio ambiente.

Lula defendeu o investimento na agricultura para abastecimento interno, para além da monocultura de exportação, mas que haja uma relação harmônica entre os pequenos e grandes produtores.

Questionado por Renata Vasconcellos sobre a função do MST (Movimento Sem Terra) em seu eventual governo, Lula lembrou que o movimento é o maior produtor de arroz orgânico do país e se destaca em outros setores da agricultura, ressaltando que as ocupações visam terras improdutivas, e que em sua gestão os proprietários eram indenizados pelo Incra.


LISTA TRÍPLICE

Um dos pontos onde Lula teve maior dificuldade foi em tornar claro se pretende seguir a Lista Tríplice do Ministério Público (MP) para a indicação do próximo Procurador-Geral da República. Sem citar Bolsonaro, prometeu que o próximo PGR não será um 'amigo' seu, e que se vencer irá se reunir com o MP para debater sobre o assunto.

Entretanto, não deixou claro se vai realmente seguir a Lista Tríplice

“Eu poderia ter escolhido um PGR engavetador. Não fiz. Escolhi pela lista tríplice. Poderia ter impedido a PF de ter um delegado que quisesse me investigar. Não fiz. Sabe sigilo de 100 anos, que tá na moda? Não fiz”, disparo.

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