Mandado de volta à 'senzala', candidato do PSB de Feira presta queixa na delegacia

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Luiz Felipe Fernandez

Política

21 de setembro de 2022 às 13h06

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Foto: Reprodução/Instagram

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Mazo acreditou que teria uma manhã normal na última terça-feira (20) em sua casa, onde reside com a mãe, em Feira de Santana. Acostumado a encarar as dificuldades da vida, jamais imaginou ter a sua casa pichada com uma ofensa racista feita por alguém descontente com a sua candidatura a deputado federal pelo PSB.

Na varanda de sua casa, Mazo foi avisado por uma vizinha por volta das 9h30, sobre a frase no muro da frente da residência. Quando foi conferir, a surpresa desagradável: "Volte para a senzala". Ele mora no local com a sua mãe, que vive sob os seus cuidados.

Nesta quarta-feira (21), Mazo prestou uma queixa na 2ª Delegacia de Polícia no bairro de Sobradinho por injúria racial para tentar identificar o autor da pichação.

Sem ter origem familiar tradicional em Feira, o candidato do PSB, tem pouca fé em uma resolução para o caso, mas foi incentivado a denunciar e recebeu apoio de lideranças do partido na cidade, como o vereador Beto Tourinho e o deputado estadual Angelo Almeida.

"Eu prestei queixa, agora é aguardar. Mas, é aquilo, não sou filho de governador, não sou filho de pessoa famosa, nem rica. Quando acontece esse tipo de coisa com essa galera, a Justiça funciona de verdade, não é o meu caso", afirmou Mazo em conversa com o Portal Salvador FM.

ESCRAVIDÃO

A ofensa registrada em spray na parede de Mazo tem raiz no processo de escravidão no Brasil. As senzalas eram uma espécie de alojamento nos engenhos para africanos escravizados no Brasil, sempre em condições precárias e para segregar dos patrões.

Segundo Mazo, a pauta escravidão não ocupa os programas de governo do candidatos. Ainda mais após a ofensa, o candidato quer dar voz à questão que reflete diretamente na sociedade brasileira atual.

"A essência da construção do Brasil foi estupro, morte e roubo, e isso impacta até hoje por conta da escravidão", reflete.

Parafraseando a música "Redemption Song", da lenda do reggae Bob Marley, Mazo que também ostenta o seu cabelo rastafari, diz que a exploração da mão-de-obra preta escravizada gera bloqueios que limitam a população mesmo após 200 anos da abolição.

"Bob Marley dizia para gente se libertar da escravidão mental [...] hoje em dia não temos correntes físicas, mas somos presos por correntes invisíveis", conclui Mazo.

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