Diretora da Fiocruz alerta sobre riscos da Ômicron e variante BA.2

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Luiza Nascimento

Saúde

09 de fevereiro de 2022 às 11h33

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Com o número alarmante de casos de Ômicron no estado e o surgimento da nova variante BA.2, o programa Ligação Direta da rádio Salvador FM conversou com a diretora da Fiocruz Bahia, Marilda de Souza Gonçalves para entender questões sobre o tema. Segundo ela, o instituto tem identificado a presença da Ômicron na maioria das amostras e afirmou que a falta de campanhas voltadas para a vacinação, impacta na disseminação da doença.

“Seria importante nós termos campanhas em prol da vacinação. Nós não temos tido campanhas que efetivamente alertem a população para a necessidade de se vacinar”, explicou.

Apesar do histórico de vacinação no Brasil ser positivo, tem-se notado uma resistência quanto à imunização contra Covid-19.

“Hoje nós temos redes sociais, que disseminam notícias que não são verídicas e isso também tem amedrontado um pouco a população com relação à vacinação. É importante que as pessoas consultem fontes confiáveis com relação a números, com relação a efetividade do sistema de vacinação brasileira. Por outro lado, nós temos também o movimento antivacina crescendo em todo o mundo e o Brasil também é alvo desse movimento”, alertou Marilda.

O movimento antivacina impacta diretamente nos baixos números de vacinação infantil. “A cobertura vacinal de crianças, não só com a Covid, mas com relação a outras vacinas, tem sido muito abaixo do esperado”. A situação se agrava porque muitos pais têm medo da reação das vacinas nas crianças. Sobre o assunto, ela afirma que o perigo é mínimo. “No mundo inteiro nós não temos casos adversos graves nas crianças. Nós erradicamos doenças gravíssimas com nossa cobertura vacinal e nós não temos visto esses casos de eventos adversos mesmo a longo prazo, a curto em relação a vacinação”.

No final do mês de janeiro, o Observatório da Fiocruz emitiu um relatório que apontava a Bahia na 7ª posição em relação à ocupação de leitos. Apesar da posição alarmante, Marilda afirma que há outros fatores a serem analisados. “No início da pandemia, nós tínhamos mais leitos disponíveis e hoje, em vários estados, nós temos menos leitos disponíveis. Deve ser levado em conta o número de leitos disponíveis em cada estado neste momento”.

Em relação ao avanço da variante, a diretora comparou o Brasil com a situação mundial. “Na África do Sul, a gente está vendo que tem uma queda na curva dos casos. Então, no Brasil nós estamos vendo uma crescente de casos. Nós temos tido um aumento do número de óbitos por conta da Covid e nós já ultrapassamos a marca dos mil óbitos diários. É um ponto que a gente realmente tem que ter uma atenção muito grande. Os Estados Unidos vêm sofrendo com a variante Ômicron. Eles possuem vacina, mas eles têm muitas pessoas que não se vacinaram. Com relação aos países europeus você tem uma média maior muito completa em relação às doses de reforço, então se tem um impacto muito menor”, explicou.

Ela explicou também sobre a BA.2, nova variante da Ômicron que, apesar de mais transmissível, não tem apresentado índices letais. “Ela chega a ser cerca de 33% mais transmissível, o que significa que pode ocorrer uma dispersão maior da Covid-19. Essa nova subvariante não parece ter uma letalidade maior e também ultrapassar a barreira da cobertura vacinal. Ela parece ser mais transmissível, mas aparentemente, até o momento, não existem dados que confirmem a maior letalidade”.

No entanto, Marilda apresentou uma preocupação com o aparecimento dessas novas variantes. “Eu acredito que nós iremos conviver por algum tempo com a Covid-19 e, para que não exista uma disseminação de variantes e subvariantes, é importante que a população mantenha todos os cuidados. Nós não podemos, neste momento abrir mão dessas medidas”, alertou.

Nas últimas 24h, o estado apresentou 74 óbitos por Covid. Marilda explicou o que  poderia ter implicado para a crescente dos casos. “A população começou a ficar mais tranquila e não levar em conta todas essas medidas que são necessárias para o controle da infecção, então nós tivemos as festas de final de ano, nós tivemos a família reunindo, nós tivemos pessoas vacinas com pessoas não vacinadas e tudo tem contribuído para a disseminação da doença”, explicou.

Finalizando, Marilda fez um alerta à população. “Nós estamos em um momento de cuidado e de atenção. Não podemos abrir a guarda, precisamos ficar atentos porque é uma doença transmissível e nós precisamos nos cuidar e cuidar das pessoas mais próximas. Esse aumento de casos é um reflexo do afrouxamento dessas medidas. Nós precisamos, como população, ter a consciência de que essas medidas devem ser mantidas, elas não podem ser afrouxadas nesse momento.

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